January 08, 2025

"A população de origem não europeia não tem livre-conduto para crimes em nome da culpa do homem branco"

 


Miúdas brancas e pobres podem ser violadas e prostituídas?



Há partes nestes casos que não foram devidamente escrutinados, desde logo porque obrigam a debate sobre imigração que a esquerda europeia quer suprimir.

Maria João Marques

(...)
Foi isto que aconteceu nos últimos dias com os tuítes de Elon Musk sobre os chamados "grooming gangs" de britânicos paquistaneses que nas últimas décadas violaram e exploraram sexualmente crianças e adolescentes brancas no Reino Unido. Em números aterradores: Lord Malcolm Pearson ofereceu a estimativa, na Casa dos Lordes, de mais de 250.000 raparigas violadas nos últimos 25 anos.

Percebo: também desconfio de Musk. Faz política através do X contra os trabalhistas e é pouco fiel à verdade: afinal, na última década e meia muita gente escreveu (esta vossa escriba incluída) e reportou sobre os "grooming gangs".

Contudo, não, não foi já tudo dito. Já houve relatórios locais. Fez-se o relatório nacional Jay em 2022 (cujas recomendações o governo conservador não começou sequer a implementar; nem ordenou então relatório mais completo). Porém, o falhanço institucional e as suas causas não foram escrutinados o suficiente. Não houve (ou houve poucas) consequências políticas. A maioria dos polícias e assistentes sociais que permitiram os abusos contra as miúdas continuou a sua vida sem sobressaltos. As transcrições dos julgamentos ocorridos — contendo os pormenores da barbárie — são caras e difíceis de obter.

Recapitulemos. Grupos de homens de origem paquistanesa começaram a perseguir as raparigas brancas locais. Nos anos 1980, já havia sinalização. A polícia nada fez. Começaram a apostar em raparigas cada vez mais novas. Miúdas pobres,working class, muitas delas de famílias disfuncionais ou sem pai presente, outras institucionalizadas. Em suma, as crianças mais vulneráveis, com idade a partir dos 11 anos. Rapazes e homens de origem paquistanesa iam buscá-las à porta das escolas, ofereciam presentes, davam atenção, depois tornavam-se "namorados" (era assim que muitas se referiam aos abusadores), violavam-nas, de seguida introduziam-nas no álcool e nas drogas e vendiam-nas para violações em grupo a dezenas ou centenas de outros homens da comunidade paquistanesa.

Vou poupar esta página aos relatos das formas sádicas e sórdidas como as raparigas eram violadas. O The Telegraph fez um resumo.

Perante esta visível e brutal violência sexual a miúdas pobres e vulneráveis, o que fizeram polícia, assistentes sociais e políticos (sobretudo os trabalhistas locais)? Deixaram acontecer. Os pormenores são de nos fazer falhar batimentos cardíacos

As miúdas que se queixavam à polícia das violações a que eram submetidas eram perseguidas pela polícia. Admoestadas para não fazerem denúncias. Duas raparigas hospitalizadas depois de violação foram investigadas por usarem linguagem racista nas denúncias; os violadores não foram incomodados. Outras duas (uma com 11 anos) foram presas numa casa por prostituição, enquanto os violadores seguiram em paz. Os pais das raparigas que confrontavam os violadores eram admoestados pela polícia ou presos. Uma investigadora do Home Office, trabalhando com uma organização social, foi instruída para não usar distinções raciais nos seus relatórios sobre o caso de Rotherham e enviada para uma formação em diversidade

As polícias dos vários locais recusaram-se a proteger as raparigas para não provocarem tensões sociais. Assistentes sociais olharam para o lado enquanto tudo acontecia. Todos falavam em "consentimento" das raparigas (como se miúdas tão novas — e vulneráveis — fossem capazes de consentir) ou em más escolhas de vida (?

Há partes nestes casos que não foram devidamente escrutinadas, desde logo porque obrigam a debate sobre imigração que a esquerda europeia quer suprimir. É sintoma de relação muito pouco saudável com imigração o abandono completo pelas instituições, e até perseguição, de miúdas brancas, pobres e vulneráveis, para não incomodar criminosos de origem paquistanesa. O racismo dirigido a violadores foi visto repetidamente como mais grave do que violações de miúdas pobres

O grande número de grupos de violação e exploração sexual de crianças por paquistaneses é outro tópico. É certo que há redes de prostituição infantil criadas por brancos — o caso de Jimmy Savile deu que falar e já chegou à ficção. Uma das minhas autoras preferidas, Kate Atkinson, escreveu Big Sky sobre redes de prostituição de crianças, inspirado na Operação Yewtree; os criminosos são ingleses brancos endinheirados.

Em todo o caso, há que perguntar o que tem de diferente a população paquistanesa no Reino Unido, cerca de 2% do total, para estar tão sobrerrepresentada nestas redes de prostituição infantil. Afinal, não há casos conhecidos e repetidos de gangs de origem indiana ou caribenha, apesar de estas comunidades serem lá mais numerosas. Os crimes sexuais dos paquistaneses foram sem dúvida racistas, visando miúdas brancas, degradando-as e desumanizando-as por serem brancas. As vítimas dão amplo testemunho disso. Mas este racismo não incomodou ninguém.

Rotherham, Rochdale, Telford e etc. obrigam a reconhecer que a imigração não é toda igual. Que imigrantes muçulmanos estão muitas vezes em choque com os valores mais básicos da cultura ocidental, odeiam a nossa cultura e querem manter-se segregados. Que os países europeus têm direito de só acolher imigrantes que vêm por bem e se querem integrar. Que a população de origem não europeia não tem livre-conduto para crimes, incluindo os mais hediondos, em nome da culpa do homem branco.

Keir Starmer respondeu a Elon Musk acusando a eito de ser de extrema-direita quem levanta esta questão. OK, é o expediente que resta a um partido dependente do voto muçulmano no Norte de Inglaterra e aprisionado no wokismo. Mas não julgo avisado proclamar que a defesa de crianças e adolescentes face a sórdidos predadores sexuais é um tema exclusivo da extrema-direita. Porque é falso. É elogio não merecido pela extrema-direita, que agradece penhorada.

Público

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