Apenas constato que de há uns anos para cá é normal ter alunos no 10º ano, em turmas de ciências ou de economia, que nunca tiveram uma positiva a matemática em todo o seu percurso escolar. Não acho isto normal.
Portugal já não é um caso de sucesso na aprendizagem da Matemática e é agora um exemplo de como se pode piorar. Avaliação internacional revela que estamos a cair a pique desde 2015 e que a culpa não é da pandemia mas sim de opções políticas.
Para Joaquim Dias, da Associação de Professores de Matemática estes resultados «estão em linha com o que aconteceu em quase todo o mundo, não há aí nada de especial». Segundo este professor, são uma consequência das alterações feitas na altura do ministro Nuno Crato entre 2013 e 2015 «que tornaram os planos de Matemática muito formalistas e que levaram a quedas sucessivas». As introduções feitas depois «não aparecem imediatamente», defende. São elas as aprendizagens essenciais que só em 2021 vieram substituir as metas estabelecidas pelo Governo de Passos Coelho.
O que é preciso agora é que «nos deem tempo para pôr em prática o que é preconizado nas novas aprendizagens essenciais, que é um ensino por tarefas, valorização do raciocínio, a resolução de problemas, o uso sistemático de tecnologia. Isso vai trazer os seus frutos conforme todos os estudos científicos e empíricos têm mostrado». Joaquim Dias afirma que outro eixo fundamental para quebrar este ciclo é «o acompanhamento aos professores que estão a lecionar no terreno e que deve ser retomado e que acabou com Nuno Crato». Quanto a alterações nos currículo, é um tema que está fora de questão e garante que tem esse compromisso do Governo. «Não se vai mexer num currículo que começou agora».
Para Isabel Hormingo, da Sociedade Portuguesa da Matemática, a pioria dos resultados do 8.º ano em 25 pontos «não encontra paralelo entre os restantes países europeus» e que as quedas não se podem atribuir à pandemia «uma vez que não estão em linha com as variações observadas na maioria dos outros países». Outro sinal de alarme é o fato de estarmos «progressivamente a aumentar o número de alunos sem conhecimentos mínimos», tanto no 8.º como no 4.º ano. Para a SPM as causas para esta tendência negativa na aprendizagem da Matemática são as decisões políticas como «a abolição de provas finais de 4.º e 6.º ano, mudanças curriculares radicais que desvalorizam o conhecimento, a interrupção de horas de crédito nas escolas – que dificultaram o apoio a estudantes com dificuldades – do apoio ao estudo obrigatório e a suspensão da avaliação de manuais escolares a meio de ciclos avaliativos». Não tem qualquer dúvida de quem é a responsabilidade. «Em todos os estudos PISA e TIMSS, após 2015, (cinco estudos) verificámos tombos, a avaliação sobre as políticas dos últimos 9 anos já está feita».
Para reverter a tendência de decréscimo reclama «um currículo rico em conhecimento, uma avaliação externa nos finais de ciclo que implique responsabilização dos alunos, um apoio eficiente aos alunos, uma avaliação de manuais escolares eficaz», garante.
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