December 09, 2024

O que não se vê é com se não existisse

 


Quase metade dos alunos do 5.º ao 12.º anos dormem menos de oito horas por noite nos dias de semana. São os alunos mais novos que dizem descansar mais durante a semana, dormindo mais de oito horas, ao passo que os mais velhos dormem menos de sete horas por noite, revelam os dados do estudo mais recente do Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar.

Ao fim-de-semana, o cenário é, contudo, diferente: 76,9% dos estudantes dizem dormir oito ou mais horas. A psicóloga Margarida Gaspar de Matos, coordenadora do observatório, faz notar a relevância que o sono tem no desenvolvimento das crianças e jovens, admitindo que, nestas idades, deviam dormir entre oito e nove horas. E alerta para esta discrepância “preocupante” nas horas de sono entre a semana e o fim-de-semana: “Quando há uma diferença de mais de três horas entre as horas de sono à semana e ao fim-de-semana, consideramos que a criança ou o adulto está em privação de sono. E está muito ligado ao insucesso escolar, ao desinteresse pela escola, ao consumo de substâncias, à violência, às dores de cabeça.”

E esse é um dos efeitos mais negativos que a exposição aos ecrãs pode ter nestes adolescentes: “Quando o sono não é de qualidade é um grande preditor associado ao mal-estar.”

Alunos passam quatro horas por dia em frente a ecrãs

Mais de metade (52,8%) destes alunos do 5.º ao 12.º anos admitem passar quatro ou mais horas por dia em frente a um ecrã. São os do 12.º que mais horas lhes dedicam (quase cinco), ao passo que os do 5.º ano são os que dizem passar menos tempo em frente a ecrãs — ainda assim quase três horas. Ao fim-de-semana o tempo de ecrã é consideravelmente maior: quase dois terços (63,3%) dos alunos passam cinco ou mais horas por dia com ecrãs à frente.

Para a psicóloga, seja na escola, seja em casa, este deve ser um tema discutido com os jovens. “Sabemos que a punição e a proibição não são uma estratégia educativa maior.

Olhando para os estilos de vida destes alunos (...) Já em relação aos consumos, a grande maioria dos alunos diz não fumar (91%) nem beber (76,4%). São os mais velhos os que mais o fazem: 9,9% dos alunos do 12.º ano fumam todos os dias e 26,2% bebem pelo menos uma vez por semana, mas não todos os dias.

Cristiana Faria Moreira, publico.
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"A punição e a proibição não são uma estratégica educativa maior", mas a questão que se trata aqui não é a da educação mas a do consumo de uma droga viciante. As redes sociais são uma droga viciante que os alunos consomem durante 4, 5 ou mais horas por dia. Quando se proibiu o fumar em quase todo o lado isso foi considerado uma má estratégia educativa? Não, porque se tratava de acabar com um consumo viciante que que provoca doenças graves. Só porque as consequências do consumo de redes sociais não são visíveis como um cancro no pulmão, não quer dizer que não existam. Existem e são muito graves.

Há estudos nos países nórdicos desde os anos 90 que mostram que o uso precoce das tecnologias fez descer o QI das pessoas em níveis preocupantes. Operações matemáticas que mais de 90% dos alunos sabia fazer no fim da escola primária, agora só 4% o consegue. Não chega a 2 dois alunos por turma. Há estudos que mostram que as redes sociais são causa de depressão, ansiedade, reforço de comportamentos agressivos, desmotivação e desinteresse pelo estudo, incapacidade de concentração, perda de foco, perda de vocabulário, excesso de estimulação sensorial, vício na pornografia e sei lá mais o quê, mas continua a dizer-se que temos de educar as crianças a usar o telemóvel para estar 4, 5 ou mas horas por dia na internet responsavelmente.

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