November 29, 2024

Quando não se percebe que os pressupostos são condicionantes

 


Neste artigo, o reitor da Universidade de Aveiro, apesar de citar os pressupostos dos benefícios das competências digitais -utilização até 1 hora diária- desenvolve todo um raciocínio baseado na ideia de que não existe essa condicionante e que, se os professores das escolas ensinarem competências digitais avançadas, tudo se resolve e os alunos ficam magicamente habilitados a resolver problemas, criativamente e de modo estruturado. Para que os alunos cumpram esse pressuposto de utilizar os dispositivos digitais até uma hora diária, é necessário, desde logo, intervir juntos dos pais que são quem ensina os miúdos a usarem a tecnologia para se manterem entretidos e, mais tarde, conseguirem resultados sem terem de aprender. Pensar que os alunos nas escolas aprenderiam muito se tivessem competências digitais avançadas, ignorando o factos dos seus hábitos (constantemente reforçados pelos pais e pela sociedade em geral), serem os de usar a tecnologia durante mais de 6 horas diárias e para não ter que aprender, parece-me que é não perceber que os pressupostos citados são condicionantes da aprendizagem.


A tecnologia e o ensino

Paulo Jorge Ferreira

O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), terminado este mês, analisa o impacto dos dispositivos digitais na aprendizagem, especialmente em Matemática. Os dados dizem respeito aos países da OCDE e a análise considera o perfil socioeconómico dos alunos e das escolas.

Os alunos que utilizam dispositivos digitais na aprendizagem até ao limite de uma hora diária têm um desempenho melhor em Matemática, com uma diferença de 14 pontos, e o acesso a este tipo de ferramentas em casa está positivamente correlacionado com a motivação e proatividade dos alunos. No entanto, o estudo também conclui que o uso excessivo destes dispositivos pode comprometer os benefícios.

O acesso a competências digitais avançadas promove o pensamento computacional e desenvolve a capacidade de resolver problemas de forma estruturada, lógica e criativa. Contudo, o impacto do digital na escola ainda é limitado. Apenas 8,6% dos alunos da OCDE têm contacto frequente com programação nas aulas. Em Portugal, a percentagem é ainda mais baixa (6%).

Estes resultados mostram que é urgente repensar a forma como as escolas integram a tecnologia e como estão a preparar os jovens para o futuro, que será cada vez mais digital. Não basta dotar as escolas com recursos tecnológicos. É fundamental assegurar que esses recursos sejam usados de forma equilibrada e eficaz na aprendizagem. A importância do papel do professor nessa integração é um dos pontos sublinhados no documento.

A inclusão de competências digitais avançadas nos planos curriculares é indispensável para assegurar a relevância do ensino no futuro.

JN

No comments:

Post a Comment