October 14, 2024

A autonomia dos professores e do conselho de turma -plasmados na lei- é um mito urbano

 

No início deste ano houve ordem do ME para reapreciar o caso de uma aluna do 8º ano que reprovou, no ano passado, com 8 negativas (e sabe-se lá quantas dezenas ou centenas de faltas), como o argumento, segundo me disseram, de não se justificar a reprovação, dado ser um acto reservado para casos excepcionais. Oito negativas já não é excepcional...

Como as escolas são piores que o DN, os alunos souberam do caso e passaram palavra: agora são só recursos a caírem de alunos que nem se lembram onde é o portão da escola e os professores passam o tempo, não a trabalhar para este ano, mas a analisar recursos de alunos do ano passado. Passam o tempo em reuniões estúpidas por causa desta política cega.

É evidente que esta situação é uma proibição de reprovação e, naturalmente, nenhum destes professores volta a reprovar um aluno que seja, mesmo que nunca o tenha visto na vida ou que tenha partido a escola toda. É assim que o ME vê os professores e a educação: um embuste para melhorar estatísticas. 

Não vejo em que é que esta estratégia embusteira é melhor que as do outro ministro.

Hoje li que o ME admite que os casos de violência nas escolas aumentem e que já dão sinais desse aumento. Não admira, pois dizem aos alunos que a escola não é um local de estudo e de trabalho, mas de diversão com passagem garantida e que podem fazer o que querem. Se juntarmos a isso um exército de não-professores que vão entrar nas escola sem saber o que é uma sala de aula ou o assunto que ensinam, temos a receita para o caos.

O que vai acontecer é o alargamento do fosso entre ricos e pobres, porque os que têm em casa pais que os apoiam mas exigem, passam sabendo, mas os outros passam com recursos e dez negativas e sem saber nada - os pais nestes casos mentem muito. Estes outros alunos são os nem-nem: nem vão estudar , nem trabalhar porque não arranjam emprego - ainda não entrámos a sério na automação do trabalho com recurso a IA e a robots e já não têm onde aplicar os seus não-conhecimentos.

Num segundo momento e dado que ninguém quer ser professor para fazer de palhaço às ordens do ME e de pais sem escrúpulos, seremos como o Brasil ou os EUA: se tens dinheiro andas num colégio privado e tens tudo, se não tens, andas na escola pública onde não aprendes nada mas te certificam devida e legalmente como um ignorante encartado. Depois vais engrossar o exército dos ignorantes que vão atrás de qualquer influenciador, gritar por qualquer coisa e resolver os problemas com o único recurso que aprendeste: mentira e violência.


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