A última noite de Platão revelada num pergaminho que estava enterrado no Monte Vesúvio
por Tasos Kokkinidis
Descobriu-se que o antigo pergaminho continha uma narrativa até então desconhecida que descrevia a forma como o filósofo grego passou a sua última noite, descrevendo como ouviu música tocada numa flauta por uma escrava trácia.
Apesar de ter lutado contra uma febre e de estar à beira da morte, Platão - conhecido como discípulo de Sócrates e mentor de Aristóteles, e que morreu em Atenas por volta de 348 a.C. - manteve lucidez suficiente para criticar a musicista pela sua falta de ritmo, sugere o relato.
As palavras descodificadas também sugerem que o local de sepultamento de Platão foi no jardim que lhe foi destinado na Academia de Atenas, a primeira universidade do mundo, por ele fundada, adjacente ao Mouseion. Anteriormente, apenas se sabia que tinha sido enterrado algures na Academia.
Numa apresentação dos resultados da investigação na Biblioteca Nacional de Nápoles, o Prof. Graziano Ranocchia, da Universidade de Pisa, que liderou a equipa responsável por desenterrar o pergaminho carbonizado, descreveu a descoberta como um "resultado extraordinário que enriquece a nossa compreensão da história antiga".
AI Helps Scholars Read Scroll. Credit: Vesuvius Challenge / scrollprize.org
O texto revela também que Platão foi vendido como escravo na ilha de Aegina, possivelmente em 404 a.C., quando os espartanos conquistaram a ilha, ou então em 399 a.C., pouco depois da morte de Sócrates.
"Até agora, pensava-se que Platão tinha sido vendido como escravo em 387 a.C., durante a sua estada na Sicília, na corte de Dionísio I de Siracusa", afirmou Ranocchia.
"Pela primeira vez, conseguimos ler sequências de letras ocultas dos papiros que se encontravam envolvidas em múltiplas camadas, coladas umas às outras ao longo dos séculos, através de um processo de desenrolamento que utiliza uma técnica mecânica que rompe fragmentos inteiros de texto."
Ranocchia disse que a capacidade de identificar estas camadas e de as realinhar virtualmente para as suas posições originais para restaurar a continuidade textual representava um avanço significativo em termos de recolha de grandes quantidades de informação.
O trabalho ainda está a dar os primeiros passos e o seu impacto só será visível nos próximos anos.
O pergaminho foi preservado numa luxuosa villa em Herculano e descoberto em 1750, e acredita-se que tenha pertencido ao sogro de Júlio César.
Ao longo dos anos, os estudiosos têm tentado decifrar os pergaminhos encontrados nesta villa, conhecida como a Villa dos Papiros.
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