June 19, 2024

Pedro Norton: uma declaração de fé cega a A. Costa

 

Pedro Norton, um homem da Impresa (ver o CV) e não só, faz aqui uma profissão de fé a A. Costa, completamente cega. A mim o que me surpreende mais é ver o CV destes indivíduos que acabam todos no circuito administradores da CDG→Gulbenkian: andam por tudo o que é universidade a fazer pós-graduações, alguns acabam em altos cargos internacionais, mas não sabem fazer um simples raciocínio, um argumento.

Claro que pode acontecer não saberem argumentar a sua posição por a sua posição ser indefensável.

Neste artigo, Pedro Norton de Matos tem como argumento para ser a favor de Costa ir para a presidência do CE, chamar aos opositores à candidatura, "tribais"... é este o seu argumento... embora não apresente nenhum facto ou razão para classificar as pessoas dessa maneira e, pior, desenvolve em seguida o seu raciocínio de um modo tribal. 

Senão vejamos: nas suas palavras, o governo de Costa foi incompetente e em profundo deslassamento ético; no entanto, conclui desta afirmação muito grave, que Costa, o chefe do governo incompetente e em profundo deslaçamento ético, é um homem íntegro...e acrescenta logo a seguir que quem não lhe reconhece as qualidades é sectário...  mas, mais uma vez, não apresenta uma única razão, seja para chamar aos outros tribais e sectários, seja para defender que o chefe de um governo sem competência nem ética era um homem íntegro. E depois passa a qualificá-lo de inteligentíssimo!

Quem é aqui sectário e tribal? Pedro Norton de Matos, obviamente. Vejamos: se Costa é íntegro, então não pode ser inteligentíssimo, pois seria preciso ser muito burro para não perceber o que se passava no seu nariz todos os dias em tudo quanto era ministério; ou então, não era ele que definia as políticas do governo, escolhia os seus membros e os dirigia, mas uma personagem qualquer mistério, o que parece implausível. Se Costa, por outro lado, era mesmo quem governava, escolhia os membros do governo, etc. (o que é impossível negar porque escolhia-os e defendia-os até ao obsceno) então, não é possível que seja íntegro e simultaneamente inteligente.

Já nem falo de Costa ter vindo à TV matar publicamente um SE para defender um incompetente facilitador de negócios. Nem falo deste comportamento completamente canalha, não tem outro nome. Falo da total incoerência da pseudo-argumentação desde senhor, que faz uma declaração de fé em Costa apresentando razões contrárias ao que queria provar e acabando ele mesmo a evidenciar sectarismo e tribalismo.

Confesso que quando vou ver as escolas por onde este senhor andou -Universidade Católica, Kellogg School of Management, Universidade de Boston- fico mesmo mal impressionada com a qualidade destas escolas, se o melhor que produzem (Pedro Norton é administrador de tudo) são estas pessoas que não sabem desenvolver um simples raciocínio sem entrarem em contradição, meterem os pés pelas mãos e provarem que são o que chamam aos outros... 

Depois de chamar a Costa incompetente e profundamente não-ético diz que é íntegro, simpático, um fazedor de consensos - interpretei esta expressão como uma pessoa que tanto mete cunhas para a direita como para a esquerda. 

Se este artigo era um serviço a Costa, foi um desserviço. Pior que tudo, agora tenho muito receio pelo futuro da Gulbenkian, se é verdade que este homem tem lá poder.

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(...) devo dizer que não me entrincheiro em visões tribais, nem confundo nada disto com um julgamento de caráter. Reconhecendo, como sempre reconheci, a inevitabilidade, naquelas exatas circunstâncias, da sua demissão, estou convencido que presidiu a um governo incompetente e em profundo deslassamento ético sem deixar de ser, ele próprio, um homem íntegro. De igual forma, não fico paralisado numa incapacidade sectária de lhe reconhecer qualidades. Costa é um político experiente, profundo conhecedor de dossiers muito variados, inteligentíssimo e senhor de uma intuição política como haverá poucas. Agradável, empático, é, muito mais do que o estadista de ruturas que nunca será, um homem com quem é fácil simpatizar, um negociador exímio e um extraordinário fazedor de consensos. Porventura mais relevante, Costa é um democrata por intuição e um europeísta por convicção.

Pedro Norton in publico.pt/mau-primeiroministro-dar-bom-presidente-conselho-europeu-2094307

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