Isto é grave. Pessoalmente, penso que quando os orgãos de governação e legislação do país estão manchados de casos de corrupção, parcialidade, trabalho para interesses próprios, favoritismo, etc., cria-se uma dinâmica de laxismo ético em toda a sociedade. Todos os membros da sociedade em algum cargo de poder que já tenham alguma propensão para o abuso se sentem empoderados e legitimados a comportamentos pouco éticos. Ainda há pouco tempo lemos nos jornais que a «defesa» de Pinho em tribunal para o recebimento de luvas enquanto governante foi, "toda a gente fazia isso, era prática corrente".
Supremo Tribunal anula concurso de promoção de juízes e manda substituir júri
Órgão de cúpula dos tribunais administrativos condenado por práticas ilegais. Situação é considerada inédita. Há juízes a acusar conselho que os governa de falsificação de documentos.
O acórdão que conclui que o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais violou os princípios da transparência e da imparcialidade no concurso de magistrados que organizou é da autoria do ex-vice-presidente do Tribunal Constitucional Pedro Machete e subscrito por outros conselheiros do Supremo Tribunal Administrativo. E ordena não só que os candidatos sejam alvo de nova seriação, “desta feita com base em critérios legais”, mas também que o júri que os avaliou seja todo substituído.
o Supremo diz que a melhor solução passa por nomear um novo júri “sem preconceitos e de espírito aberto”. Como se o processo que se desenrolou até aqui nunca tivesse existido. “À administração não basta ser imparcial, exigindo-se-lhe também que apareça como imparcial, tendo em vista evitar práticas susceptíveis de afectarem a imagem pública de imparcialidade”, pode também ler-se no acórdão, que considera que neste caso esse risco foi exponenciado pelas más práticas do júri.
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