May 30, 2024

Soluções



Universidade de Aveiro desenvolve vidro que gera energia a partir da luz solar ou iluminação artificial


Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um vidro que gera eletricidade a partir da luz do sol ou iluminação artificial, tornando os edifícios energeticamente mais sustentáveis, informou esta quarta-feira fonte da academia.

Coordenado pela investigadora Rute Ferreira, do Departamento de Física e do CICECO, uma das unidades de investigação da UA, o projeto PLANETa desenvolveu um protótipo de uma janela em tamanho real que, para além de gerar eletricidade, funciona também como um sensor de temperatura ótico alimentado pelo sol ou por iluminação LED, refere uma nota da UA.

O projeto decorreu em colaboração com o Instituto de Telecomunicações (IT), o Instituto Superior Técnico (IST) e a empresa Lightenjin.

Segundo Rute Ferreira, esta janela inovadora pretende ser “uma forma de integração de dispositivos de geração de energia a partir do sol em edifícios já existentes ou em construção”.

“Trata-se de um vidro revestido por uma fina camada de material transparente que capta a luz solar ultravioleta e a converte em radiação visível que é aprisionada no interior do vidro e guiada até às extremidades onde estão células fotovoltaicas escondidas na caixilharia”, explica.

De acordo com a investigadora, estas pequenas células fotovoltaicas nas extremidades conseguem gerar eletricidade suficiente para alimentar dispositivos de baixo consumo, como ‘routers’, sensores e dispositivos USB.

Para Rute Ferreira, o fator diferencial deste protótipo está na sua “capacidade de funcionar com iluminação solar e artificial, garantindo a operação contínua, mesmo em período de ausência de luz solar”.

Além disso, aproveitando a sensibilidade do material do revestimento do vidro à temperatura, a janela transforma-se num dispositivo de dupla função: geração de energia e sensor de temperatura.

“Tirando partido da configuração comercial de janelas duplas, podemos em simultâneo medir a temperatura interior e exterior”, diz a investigadora.

“A energia gerada alimenta um sistema IoT [Internet of Things] capaz de monitorizar a temperatura e de disponibilizar esses valores numa plataforma ‘online’ acessível ao utilizador. O objetivo final é integrar esses dados no sistema de automação residencial do edifício, contribuindo para uma gestão mais eficiente dos sistemas de aquecimento e arrefecimento, promovendo uma maior eficiência energética”, descreve.

O PLANETa combina, assim, inovação tecnológica e sustentabilidade, e quer contribuir para o futuro dos edifícios inteligentes e energeticamente eficientes.

Para além da construção civil, a equipa de investigadores da UA antevê que a aplicabilidade e versatilidade destes materiais e dispositivos possa ser testada para aplicações mais visionárias, como é o caso do ambiente aeroespacial para aumentar a eficiência dos conversores fotovoltaicos utilizados em satélites e, dessa forma, “baixar o custo da componente energética destes aparelhos”.

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