Indivíduos que estão habituados a dizer às mulheres, no contexto das suas comunidades católicas, sem contestação, qual deve ser o seu projecto de vida, como devem servir a sociedade através da procriação, que limites devem impor-se sob a supervisão dos homens, como deve ser a sua vida sexual, qual deve ser o seu estatuto e lugar próprios, atribuídos por Deus, etc., não estão à espera de ser criticados. Sobretudo se vivem numa bolha, alienados do resto da sociedade.
O aproveitamento político é deles que, sendo pessoas com muito poder dentro do partido do governo, estão a aproveitar-se da oportunidade para tentarem fazer retroceder os direitos das mulheres a tempos anteriores ao 25 de Abril. Isto no ano em que se comemoram os 50 anos.
Se os governos desde Sócrates até agora não nos tivessem deixado tão pobres e incapazes de segurar os jovens, estes conversas nem existiam. Vemos que nos países mais ricos do Norte da Europa estas conversas não existem porque as mulheres têm o mesmo estatuto político que os homens e muito pouca diferença salarial. Aqui põem-se porque aproveitam as mulheres serem o grande exército de desempregados e ganharam muito menos que os homens para pressioná-las a submeterem-se a machismos retrógrados.
Declaração de interesses: não li o livro e não tenho um enorme apreço por algumas pessoas que lá escrevem (algumas escreveram o que me parecem ser patetices), mas tenho enorme apreço por outras.
ReplyDeleteVou presumir que leu o livro, que o seu post não se baseia apenas na chinfrineira que se fez à volta do dito cujo. Houve pessoas que não hesitariam em dizer "não li e não gostei..." Queria perguntar-lhe, por isso, quais acha que são os direitos que os autores do livro quererão fazer retroceder? Proibir as mulheres de serem diplomatas, de viajar sem autorização dos maridos ou de acederem à magistratura? Que poder acha que têm o Pe. Portocarrero de Almada, do Dr. Vaz Patto, o Dr. Ribeiro e Castro ou mesmo o Dr. Bagão Félix (que já foi ministro) que lhes permita sonhar (mesmo que o quisessem) com a mulher pré-25 de Abril?
Não, não li o livro nem faço tenção de ler. Li as declarações deles nos jornais e em artigos sobre o livro que não foram desmentidas, pelo contrário. Que poder tem a ireja neste país? Isso precisa de resposta? E os autores, que foram primeiro-ministros e ministros e são pessoas com influencia no partido do poder?
DeleteQue direitos querem tirar? Passa-lhe pela cabeça a possibilidade de um grupo de mulheres escrever um livro onde recomendam legislação que pressione os homens a ficar em casa e isso passar a ser um estatuto recomendado por lhes ser 'natural'?
Se isto não o choca talvez ache estas ideias normais, mas homens de uma certa idade têm dificuldade em olhar as mulheres como seres humanos iguais depois de uma vida de hábito de as ver abaixo: em termos salariais, em termos de cargos, de profissões, etc.
Valerie Solanas: cito este pela radicalidade da senhor, pois queria simplesmente a erradicação do homem da face da Terra. Feminismo e misandria andam por aí e estão efervescentes em várias áreas.
DeleteSuponho que seja professora, pelo que ganha mais do que muitos mais colegas seus. No campo da moda, é incomparável o que as modelos femininas ganham a mais do que os homens. Há "n" obras publicadas que se referem a homens em termos análogos aos usados neste livro, pelos vistos.
Onde quero chegar? Em rigor, a lado nenhum, mas enquanto professora deveria concluir que as coisas não são simplesmente preto e branco. Os seus textos e conclusões sobre esta questão estão pejados de preconceitos à partida, que inquinam a visão das coisas
Eu gostaria de não ter ido à tropa, mas fui e, assim, perdi dois anos da minha vida, tendo começado a trabalhar quase com 25 anos, enquanto a minha esposa começou aos 22 porque não teve esse empecilho.
Já reparou que os casos de pedofilia nos EUA de professores sobre alunos menores é muito maior no que toca aos ditos do género feminino?
Muitas paletes de cores, que não invalidam todos os abusos e desigualdades de séculos ou milénios.
Por último, a cara professora é particularmente intolerante com quem discorda de si.
"Suponho que seja professora, pelo que ganha mais do que muitos mais colegas seus." ??? Essa é boa1
DeleteSou intolerante para todos que querem destruir direitos humanos.
Se as mulheres fizessem propostas para retirar direitos aos homens, também criticava e não me calava.
Não cabe aos homens decidirem sobre como as mulheres devem viver, que aspirações podem ter e qual é o 'lugar' das mulheres na vida e na sociedade e que direitos devem ter. No entanto, a arrogância de certos homens é tal que acham normal propor que tenhamos de viver conforme os seus padrões de vida, a sua religião e as suas mentalidades cristalizadas. E que não consiga compreender isso diz muito sobre a sua pessoa.