Relembrando, por exemplo, a atitude de Trump na tomada de posse de Joe Biden ou Jair Bolsonaro na transição para a presidência de Lula da Silva. Não estiveram presentes. E em política, aquilo que parece muitas vezes é. A leitura política da ausência do líder da Oposição revela, por isso, à falta de cabal explicação, uma coisa: falta de maturidade democrática de Pedro Nuno Santos.
Este caso não é de somenos. Suscita, inclusivamente, dúvidas sobre o novo posicionamento institucional do PS liderado por Pedro Nuno Santos. Uma coisa é um partido como o PCP, ou o BE, que nunca tiveram grande respeito pelas instituições e práticas democráticas, outra é o Partido Socialista, partido fundador e estruturante da democracia, atualmente numa deriva radical encabeçada pela sua liderança.
O que falha a Pedro Nuno Santos é algo relativamente simples: estar presente numa tomada de posse de um Governo não significa que se concorda com o Governo. Demonstra que de forma democrática e madura se aceitam e se respeitam os resultados. A democracia é um diálogo permanente, que se faz entre os interlocutores dos partidos políticos, das instituições e da sociedade civil. A escolha pela ausência, semelhante a lembrar uma birra, em nada engrandece o compromisso pelo diálogo, pelo pluralismo, pela defesa de quem pensa diferente, pela liberdade e pela democracia.
Em política, não há lugares marcados, mas tem de haver responsabilidade e respeito institucional. Pedro Nuno Santos não esteve ao nível daquilo que lhe é exigido enquanto líder da Oposição e dá um sinal político negligente daquilo que pode vir a ser a sua participação neste quadro parlamentar. Esperemos que 50 anos de Abril, além da liberdade, tragam também a responsabilidade.
Lídia Pereira in jn./a-oposicao-comeca-mal
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