Em Dezembro passado vi esta famosa pintura de Dali no Thyssen, em Madrid. Já tenho ao Thyssen aí há uns trinta anos ou assim, mas não me lembro de alguma vez ter visto esta pintura a não ser em livros e reproduções. Foi um choque. O quadro é pequeno, tem 50 cm por 40cm, provavelmente já a incluir a moldura.
Como a pintura chama-se, Sonho provocado pelo voo de uma abelha em torno de uma romã um segundo antes de acordar, sempre olhei para ela como uma interpretação de um sonho, com óbvios elementos sexuais. Porém, quando me pus em frente do quadro e a vi, a primeira impressão que tive, não foi de sonho mas de impulso e movimento. Há um disparo inicial que projecta estas figuras como balas na nossa direcção e vemos esse ímpeto e essa dinâmica. O que vi não foram sonhos mas a ideia de evolução.
Num fundo de elementos da natureza saem duas sementes que dão origem ao fruto, do reino vegetal e do fruto sai o peixe, do reino animal e do peixe sai o mamífero de onde surge o humano. Portanto, na ideia de de água está já contida a semente que levou ao humano e no humano estão incluídas as etapas anteriores da vida terrestre.
Depois, há outros elementos e pormenores muito típico de Dali, mas o que pensei e senti em frente à pintura foi a força e a direcção do ímpeto evolutivo. Depois de ter visto a pintura desta maneira vejo muitos pormenores e sentido onde antes não via.
Às vezes os nomes atrapalham uma compreensão mais completa e profunda das obras e: nenhuma reprodução substitui a visão do original.
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