January 11, 2024

Títulos: Há professores com mais de 200 alunos ou mais de 11 turmas atribuídas




Este título até dá a entender que são apenas uns poucos, mas não é assim. Todos os professores, até uma certa idade têm o máximo de turmas possível a que se descontam uma se têm um cargo. 
Até chegar a uma certa idade em que nos tiram uma turma e passados 5 anos outra turma, tive sempre 7 turmas (cheguei a ter 8), cada uma com 30 alunos. No início dos anos 90 do outro século, era comum as turmas terem 35 alunos. 
Se tinha um cargo de DT tinha 6 turmas em vez de 7. Portanto, o normal era ter cerca de 210 alunos. Eu e toda a gente. Quem tinha disciplinas com aulas por turnos (as ciências que têm aulas em laboratórios) tinha menos turmas. 
E essas 7 turmas podiam e podem, ser de vários níveis de escolaridade, o que obriga a preparar aulas e material para anos diferentes com currículos diferentes.
Se hoje em dia já não são todos a ter esta barbaridade de alunos é porque os professores estão envelhecidas e a lei permite que tenham menos uma ou duas turmas a partir de certa idade. 
Mesmo assim, acontece que muitos professores ainda têm, depois das aulas, horas de aulas apoio marcadas no horário, que são aulas, de facto, embora o ME lhes chame outra coisa para poder dizer que não sendo aulas não têm que ser pagas como tal: tudo serve para explorar os professores. 
Portanto, é normal que muitos professores tenham mais de 200 alunos, com vários níveis de ensino.
O meu caso é diferente porque enquanto doente oncológica e com atestado de incapacidade muito elevada, a legislação do trabalho e a medicina do trabalho não me permite ter muitas turmas dado o prejuízo para a saude - dar aulas exige imensa robustez física e mental. 
Mesmo assim, estou com excesso de turmas e de trabalho, porque alguém entendeu mandar-me ao médico da medicina do trabalho em Outubro, apesar de ter um relatório anterior definitivo, e o médico olhou para o meu horário e para os relatórios e exames médicos, fez-me perguntas e mandou-me reduzi-lo imediata e definitivamente, coisa que não vou fazer até ao fim deste ano, por opção própria e à minha responsabilidade, porque se deixar agora uma turma é certo que ficam sem professor o resto do ano, o que não me parece bem, mais a mais porque fui eu que escolhi o meu horário, ninguém me obrigou a ter este horário. Para não falar em que atirava uma DT para cima de um colega que, de certeza, não precisa de mais trabalho. Portanto, vou aguentar até ao fim do ano, mas vou organizar a parte do trabalho que é móvel, de uma maneira que seja menos cansativa.


Há professores com mais de 200 alunos ou mais de 11 turmas atribuídas

Professores com mais de 11 turmas atribuídas, mais de 200 alunos ou a dar aulas a vários níveis de ensino são casos denunciados num inquérito da Fenprof, que alerta para o perigo de mais casos de "burnout". Segundo os dados preliminares do inquérito realizado entre setembro e outubro e que envolveu 4.471 docentes de todo o país, os professores do 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário estão a trabalhar, em média, mais de 50 horas por semana.

O sobretrabalho já tinha sido denunciado em 2017 pela Fenprof, que na altura disse que se registavam semanas de trabalho de 47 horas, mas "a situação agravou-se" nos últimos sete anos, sublinhou o dirigente sindical Vitor Godinho, em declarações à Lusa.

A trabalhar mais 15 horas por semana, os professores são obrigados a sacrificar a sua vida pessoal e familiar, o que os pode levar "à exaustão", havendo muitas "situações de burnout", alertou, lembrando que também fica em causa a qualidade de ensino.

Mais alunos e mais turmas atribuídas são sinónimo de mais trabalho, que se nota em tarefas como preparar aulas ou corrigir testes e trabalhos de casa.

O estudo mostra que apenas metade dos docentes tem menos de cinco turmas atribuídas, o que para a Fenprof deve ser o limite máximo de turmas atribuíveis a cada docente.

Já um em cada cinco docentes (19,5%) tem sete ou mais turmas a cargo, havendo mesmo 4,2% dos professores com 11 ou mais turmas atribuídas.

Ter mais alunos e turmas é sinónimo de mais trabalho, sendo que há casos de professores que têm turmas de vários níveis de ensino: a Fenprof defende que o máximo devem ser três níveis, mas 10% têm quatro níveis e 6,8% têm, pelo menos, cinco.

A trabalhar mais de 15 horas semanais do que o previsto por lei, o sindicalista diz ser "preciso impedir que a ilegalidade se instale" e pede aos responsáveis políticos que olhem para os resultados do inquérito "para que o inferno não seja o limite".

Medidas propostas

A Fenprof volta a apresentar um conjunto de medidas para garantir a aplicação dos horários de 35 horas, que vão desde "uma distinção séria e clara entre componentes letiva e não letiva do horário dos professores", voltando a componente letiva a englobar todas as atividades diretas com alunos.

Garantir que os professores têm no máximo 100 alunos, cinco turmas e duas disciplinas, níveis ou áreas curriculares é outra das reivindicações.

A redução da componente letiva de base para 20 horas semanais e a redução de horas para quem tem cargos de natureza pedagógica "em número de horas condizente com as funções e tarefas a desempenhar" também fazem parte do caderno reivindicativo.

Mais 15 horas de trabalho que o previsto

Os professores trabalham em média mais de 50 horas por semana, mais 15 do que o horário legalmente definido, em tarefas como preparar aulas, apoiar alunos com dificuldades, corrigir testes mas também tarefas burocráticas.

O horário dos professores é de 35 horas semanais, mas, em média, os docentes do 2.º e 3.º ciclos assim como os do ensino secundário trabalham 50 horas e 15 minutos, segundo os dados preliminares do inquérito.

Em média, estão a trabalhar mais 15 horas por semana do que está previsto na lei e para realizar todas as tarefas têm de roubar tempo "à sua vida pessoal", disse à Lusa Vitor Godinho, delegado sindical da Fenprof.

Muitas das horas que dedicam aos alunos e às escolas não são pagas, "são trabalho pro bono", criticou o sindicalista, referindo que a situação se agravou nos últimos anos.

Em 2017, os professores trabalhavam, em média, 47 horas por semana, agora são mais três horas e meia por semana.

O inquérito revela que os professores gastam, em média, 16 horas e 35 minutos a dar aulas, e outras 18 horas para desenvolver tarefas como preparar as aulas e realizar as avaliações dos seus alunos.

Estas duas componentes atingem praticamente a duração semanal legal do horário, que são 35 horas, mas os professores têm muitas outras tarefas, alertou o sindicalista.

Há o trabalho feito nas escolas que vai desde cargos pedagógicos, a apoio a alunos, tarefas administrativas, reuniões, substituição de colegas que faltam ou coadjuvações em sala de aula.

Em média, os professores despendem 15 horas e 45 minutos na "componente não letiva de estabelecimento", lê-se no inquérito.

No caso dos docentes com cargos de direção de turma ou com coordenação de departamento, o estudo indica que ultrapassam largamente as horas que lhes são atribuídas para esse efeito.

Os diretores de turma têm duas horas para desenvolver esse trabalho, mas o estudo indica que gastam, em média, quatro horas e 18 minutos.

Vitor Godinho acredita que a realidade seja ainda mais preocupante, uma vez que estes professores têm de realizar reuniões com colegas, estar disponíveis para resolver problemas de alunos e receber pais, responder e enviar mails aos encarregados de educação, além de outras missões como fazer o levantamento das faltas dos estudantes, "uma a uma, de todos os alunos a todas as disciplinas".

A excessiva carga burocrática é outro dos problemas, consumindo mais de quatro horas semanais.

Atualmente, "os professores gastam mais uma hora por semana em tarefas burocráticas do que em apoio aos seus alunos", lamentou o sindicalista.

O apoio aos alunos representa quase três horas semanais, segundo o estudo que revela uma "flagrante situação de sobretrabalho" e muitas tarefas a serem desenvolvidas em horas não registadas.

A Fenprof tem por isso um conjunto de medidas que quer ver aplicadas e que passam por limitar o número de alunos e turmas atribuídas e por redefinir o que é componente letiva e não letiva.


2 comments:

  1. Mas então, porque é que escolheu esse horário? Nena

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    1. Porque gosto do trabalho e pensei que aguentava mas calculei mal e não previ algumas situações. Não me lembrei que as DTs do 10º ano são muito trabalhosas -grandes, muitos alunos vêm de fora, os pais não nos conhecem, os miúdos também não, vêm com hábitos do ensino básico catastrófico deste ministro, até perceberem que agora têm que trabalhar e ter uma atitude positiva dentro da sala de aula corre muita água debaixo da ponte, por assim dizer, os pais também não estão habituados a ter que cumprir certas obrigações, depois há as reuniões que são sempre duas de enfiada em cima de uma manhã de aulas...enfim, uma DT do 10º equivale a ter uma turma. E tenho 2. Dantes só eu e outra colega tínhamos 2 DT, mas agora com a falta de professores somos uma data delas a ter 2 DTs.
      E ainda há outras situações que me fazem andar cansada como dormir só 4 ou 5 horas por noite, muitas noites durante meses, que acontecem por ter sempre medo de não acordar a tempo das aulas das 8.25h e não tomar o comprimido para dormir - e sem os comprimidos já só durmo isso.
      No Inverno apanho tudo o que é infecção ou virose, o que me deita muito abaixo. Depois, hoje em dia canso-me. À noite não consigo trabalhar - ver testes, preparar aulas, ler coisas densas... isso foi chão que deu uvas...
      Portanto, não pensei bem em todos estes factores - ou achei que podia mais do que realmente posso.
      As DT no 11º e 12º já são diferentes. Há muito trabalho, mas já não há aquela constante necessidade de andar a apagar fogos.
      Mas agora organizei o trabalho móvel -reuniões- de uma maneira não compacta e espaçada que não me deixa nessa exaustão.

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