January 10, 2024

There are not nice people

 


Este filme -Saltburn, que se refere ao nome de uma propriedade- pode-se classificar como comédia negra ou gótica ou burlesca ou sátira... não sei bem, mas é sobre não haver pessoas boazinhas. É verdade que há, nos extremos, alguns que são miseravelmente maus e que há alguns outros extraordinariamente motivados pelas coisas certas, digamos assim, mas no meio desses há uma miríade de gente que, em diversos graus, não são pessoas boazinhas. Todos são capazes de actos de crueldade, de hipocrisia, de cobardia, de maldade, etc.

Este filme é sobre um jovem rapaz e aquilo de que é capaz para ter o que quer, mas ao mesmo tempo nenhuma das suas 'vítimas' é propriamente uma vítima porque, lá está: There are not nice people - esta foi uma frase que ouvi a realizadora dizer a propósito do filme.

O filme está carregado de simbolismos e cheio de pormenores significantes que a música acompanha de modo admirável - é incómoda nas cenas incómodas (que são muitas), gloriosa para sublinhar o desadequado, religiosa nas cenas mais eróticas... 

O filme lembra-me, em parte, o Ripley de Patricia Highsmith; o Brideshead Revisited; o Gatsby, o Brutti, sporchi e cattivi... porém, não é nenhum deles. É muito mais mordaz e cru. Como se diz no filme, Oliver, a personagem principal, é uma traça sombria atraída pela luz das borboletas ao ponto de comê-las para ser 'elas'. 'Elas' nunca percebem a sua realidade sombria porque estão demasiado entretidas a serem borboletas caprichosas e algo cruéis, embora não o percebam.


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