January 22, 2024

Boas notícias



Para os doentes com cancro do pulmão, principalmente em cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) avançado e/ou metastático: é exactamente o meu caso. 
Na semana passada tive consulta com a minha pneumo-oncologista e falámos disto. Há tratamentos inovadores e há muita pesquisa a ser feita. Embora não se possa nunca dizer que uma pessoa está curada, dado que não existe nenhum teste que mostre ter-se destruído todas as células tumorais e, portanto, poder sempre estar lá uma meio a dormir, hoje em dia há outra esperança e as taxas de sobrevivência a cinco anos são um bocadinho melhores, sobretudo para cancros de superfície, como lhes chamo - aqueles que se vêem ou sentem e dá-se logo por isso e são apanhados em estado inicial, como os da pele, da garganta, da mama. Alguns têm taxas de sucesso de tratamento muito elevadas, perto dos 100%. Os mais profundos, como o do pulmão ou do pâncreas são outra história.
De alguns tratamentos inovadores ainda agora começa a conhecer-se os efeitos secundários. Há estudos a decorrer. Já participei em dois, dado que um dos tratamentos que fiz, o de imunoterapia, fui das primeiras pessoas a fazê-lo e não havia dados sobre os efeitos secundários. Ainda agora estão no início. 
Se não tivesse feito esse tratamento tinha morrido há cinco anos. Porém, esse tratamento, que durou um ano, juntamente com os outros dois de quimio e rádio, se me salvaram a vida, deixaram-me com sequelas intermináveis. Constantemente surgem doenças e lesões de efeitos secundários dos tratamentos e assim que trato uma, surge outra, também porque o sistema imunitário parece um passador de malha larga.
Na semana passada andei desanimada com isso de ter mais uma cena para ir tratar. Mais um médico novo, mais exames, mais medicamentos ou cirurgias... o dinheiro que o atestado de incapacidade me faz poupar no IRS não chega, nem para pagar metade dos custos que tenho com os derivados desta doença. 
Só não me queixo mais disso porque a culpa foi minha de ter fumado como uma besta... também não desanimo por muito tempo. Enquanto puder tratar estas cenas que surgem, está tudo bem. 


ADC com outras terapêuticas pode “mudar o paradigma do cancro do pulmão aos cinco anos”

Desafios de novas abordagens terapêuticas: ADC no cancro do pulmão


Segundo a Prof.ª Bárbara Parente, os profissionais de saúde envolvidos no tratamento do cancro do pulmão nunca estão satisfeitos e isso reflete-se nos “grandes progressos terapêuticos” que fizeram com que a sobrevida livre de progressão (PFS) tenha melhorado. Contudo, alerta que aos cinco anos, ainda não se atingiu o patamar desejado a nível da sobrevida. “Portanto, penso que novos fármacos se irão desenhar no horizonte e poderão vir efetivamente a melhorar a sobrevida dos doentes, tendo sempre em conta a qualidade de vida, que é uma coisa que não podemos esquecer”, sublinha a especialista.

A utilização dos novos conjugados anticorpo-fármaco (ADC) no contexto dos doentes com cancro do pulmão foi o tópico da sessão patrocinada pela Daiichi Sankyo/AstraZeneca, no 39.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Moderado pela Prof.ª Bárbara Parente, coordenadora norte do Instituto CUF de Oncologia, o simpósio contou com a intervenção da Prof.ª Gabriela Fernandes, do Centro Hospitalar de São João, que introduziu a temática dos ADC, bem como o seu mecanismo de ação, explicando o significado clínico destes fármacos para os doentes. 

O Prof. Luis Paz-Ares, oncologista do Hospital Universitário 12 de Outubro, em Madrid, foi o orador internacional convidado para apresentar os diferentes ADC e respetivos ensaios clínicos, demonstrando o quanto esta nova abordagem terapêutica tem vindo a modificar o prognóstico de doentes com cancro do pulmão, principalmente em cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) avançado ou metastático.

Sobre o potencial desta nova ferramenta terapêutica, a Prof.ª Bárbara Parente salienta a “indefinição” e a necessidade “de ter em atenção os efeitos laterais” uma vez que, “muitos deles”, ainda não são conhecidos. “Queríamos que esses efeitos laterais estivessem mais reduzidos devido ao mecanismo de ação, mas o que é um facto é que há algumas coisas que ainda nos escapam e, portanto, é preciso continuar a investigar”, defende, referindo que, em Portugal, existem “muitos estudos a decorrer”, cujos resultados sairão nos próximos anos.
[já participei em 2]

Tendo em conta a evolução no tratamento do cancro do pulmão, a pneumologista demonstra-se otimista: “Penso que os ADC podem, de alguma forma, em combinação com as terapêuticas anteriores, vir a mudar o paradigma de tratamento do cancro do pulmão em termos de sobrevida aos cinco anos”. Por isso, na sua perspetiva, o futuro deverá ser “muito bom” e “mais risonho”, com a melhoria da sobrevida aos cinco anos e, talvez, com a possibilidade de “nem se precisar de fazer cirurgia aos doentes”.

 
 

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