khail Khodorkovsky
@khodorkovsky_pt
A Rússia utilizou centenas de Lancets na Ucrânia, e o Ministério da Defesa ucraniano diz que é difícil neutralizá-los
Segundo o governo ucraniano, cada Lancet contém pelo menos 19 peças fabricadas por empresas norte-americanas, suíças e taiwanesas - todos os países onde a Rússia não deveria poder adquirir equipamento devido a sanções.
Outros drones russos contêm peças provenientes dos Países Baixos, da Polónia, do Canadá e do Japão, países que impuseram sanções para impedir a Rússia de comprar estes instrumentos de destruição.
Moscovo não está a utilizar equipamento antigo, anterior às sanções: muitos dos componentes foram produzidos este ano.
Como é que Putin está a contornar as sanções e a pôr as suas mãos sujas nos equipamentos?
Alguns dos componentes, como os microchips, são também utilizados em vários produtos disponíveis no mercado, como scooters eléctricas - estes podem ser facilmente extraídos e revendidos, e não são classificados como equipamento militar
Para outras peças mais especializadas, as empresas de defesa russas recorrem a uma complexa rede de empresas de fachada e intermediários, ou "fixadores", para adquirir componentes que não deveriam conseguir obter. Eis como funciona:
O fabricante russo de drones não pode simplesmente comprar peças na Suíça ou nos Estados Unidos. Por isso, recorre a um intermediário, que entra em contacto com cidadãos de antigas repúblicas soviéticas que trabalham em empresas ocidentais
Estes funcionários autorizam a exportação de componentes para empresas comerciais, normalmente registadas na Turquia ou na China. Estas empresas enviam depois as peças diretamente para a Rússia ou revendem-nas a agentes na Ásia Central, que as enviam para a Rússia
Entretanto, o fabricante russo regista os componentes como sendo originários da China, o que significa que não há qualquer pista que sugira que as sanções foram violadas
Isto não é novidade. De facto, um sistema semelhante é utilizado para importar camiões de fabrico estrangeiro para a Rússia a partir dos Emirados Árabes Unidos sem levantar suspeitas. Os camiões são exportados para o Irão, onde são reequipados para o tempo frio, longe de olhares indiscretos, e enviados para a Rússia
O assunto é sério. Todos os dias morrem pessoas na Ucrânia às mãos destes drones, e cortar o acesso de Moscovo aos seus componentes seria um grande passo para reduzir as mortes. O que é que se pode fazer para acabar com isto?
Por seu lado, o governo suíço intensificou a cooperação com os serviços secretos ucranianos e tomou medidas para informar os fabricantes de peças sobre compradores estrangeiros suspeitos e reduzir as exportações para países de trânsito conhecidos
A Suíça afirmou que não há garantias de que o problema esteja totalmente sob controlo. Mas isso não significa que a Suíça, e outros países cujos componentes se encontram no arsenal mortífero de Putin, não devam intensificar os esforços para minimizar os danos
É fundamental que o Ocidente garanta que a Ucrânia dispõe das ferramentas necessárias para lutar contra a invasão, mas é igualmente importante garantir, na medida do possível, que Putin não dispõe das ferramentas necessárias para manter a guerra.
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