December 28, 2023

Nem 500 anos vão apagar o ódio dos ucranianos aos russos




"E foi nessa altura que os russos atacaram a estação. Corremos para o abrigo ao primeiro bombardeamento. Nunca tinha ouvido uma explosão tão forte: o tecto da cave a cair, as paredes a moverem-se. Os passageiros também se conseguiram esconder na cave. E ficámos lá todos juntos durante a hora e meia seguinte, a contar os bombardeamentos. Dois polícias, feridos pelos escombros enquanto ajudavam os passageiros a esconderem-se. Havia também um voluntário estrangeiro, aparentemente com uma costela partida, mas ele pediu para ser ignorado e limitou-se a respirar pesadamente, pingando suor. Mais tarde, os médicos ajudaram-no o melhor que puderam. Um polícia, que não vi, infelizmente, morreu.

Antes desta viagem, voltei a ver O Senhor dos Anéis e reparei num diálogo incrivelmente adequado entre Frodo e Gandalf: 
- Quem me dera que o anel não existisse! Gostava que nada disto tivesse acontecido! 
- É o que toda a gente pensa quando tem de passar por algo assim, mas está fora do seu controlo. Tudo o que podemos fazer é decidir o que fazer com o tempo que temos. 

Todos nós desejávamos que a Rússia não existisse, mas ela f**king existe. E continua a matar-nos. Ontem, senti muito claramente o que é ser um alvo. E a nossa tarefa é resistir com dignidade e não deixar que nos destruam. Também temos de cuidar uns dos outros e não discutir uns com os outros, tendo em conta que temos um inimigo e ele é exterior".

26 de Dezembro, Marichka Paplauskaite (editora jornalista)

@paplauskaitem


26 de Dezembro: bombardeamento da estação de comboios:

No comments:

Post a Comment