A leitura desta biografia de Heidegger e a tradução do livro de Allison acerca do Idealismo Transcendental de Kant que tinha interrompido em Agosto na altura da praia. Heidegger, fiquei a saber por esta biografia, era um indivíduo a necessitar de validação, não do ponto de vista intelectual -desde muito cedo falava dos assuntos com muita segurança- mas do ponto de vista de imagem. Heidegger era de uma pequenina cidade e o seu pai era sacristão. Tinha um ar rústico. Muitas vezes em que ia a outra cidade participar numa conferência, quando chegava, apesar do seu nome ser já muito conhecido, pensavam que era o zelador do edifício e coisas do género. Tinha um grande ressentimento relativamente a pessoas de outra classe social e aparentava ter um certo desprezo por essas pessoas. Também não era muito popular entre os filósofos porque tardava em publicar a continuação de Ser e Tempo, a filosofia dele era uma coisa que não se percebia bem, como uma linguagem obscura e deixava sempre no ar uma incerteza acerca dos seus projectos para a filosofia. Não sei até que ponto essa necessidade de validação não o levou àquela cegueira com o nazismo.
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