As tais 12 soluções não têm nada de propriamente novo. Alguns são temas muito batidos e de que falamos há duas dezenas de anos, pelo menos, mas que são evitados pelas autoridades tutelares porque implicam custos em dinheiro (não há melhorias sem investimento), outros vão contra a ideia que os ministros da educação e seus amanuenses querem passar acerca de si mesmos, de serem pessoas de pedagogia avançada no tempo e inovadoras, ideias que têm feito muito estragos.
As 12 'soluções':
A 1ª refere-se ao modo com a obsessão pela inovação de métodos pedagógicos e pela ideia do prazer sacrificaram os conhecimentos, o desenvolvimento das competências de leitura e escrita e de matemática, que sustentam muitas das outras. Está-se tão centrado na prioridade de entreter os alunos que se sacrifica o conhecimento e as possibilidades de desenvolvimento desses mesmos alunos. Em Portugal é uma espécie de dogma a ideia de que a criança e o adolescente nascem ávidos de aprender conhecimentos escolares e só não o fazem porque a escola os aborrece devido aos professores serem todos atrasados: a escola não é gira, colorida, não tem efeitos especiais, etc. A 'solução' que apresenta é a de desistir de, inovar por inovar, sem nenhum mérito de progressão no conhecimento.
A 2ª aborda o assunto das crianças com dificuldades a uma ou várias disciplinas. Sabe-se que não beneficiam de chumbar, mas também se sabe que sem ajuda para superarem as dificuldades, não beneficiam nada em passar (só beneficiam as estatísticas do ME) porque o transitar de ano, por sí só, não é uma magia que vai resolver as suas dificuldades.
O artigo cita a Finlândia que tem um programa para alunos que passam com dificuldades que implica enfermeiros, psicólogos, interpretes culturais para o caso de imigrantes, professores especializados. Portanto, lá passam-se os alunos mas sem a fraude de se votar as negativas em positivas e fingir que alcançaram os objectivos, como cá se faz - bem, cá já nem há objectivos, há competências mínimas; enfim, em vez disso, assume-se as dificuldades e encontram-se soluções. É preciso ver que estas soluções não são encontradas atirando mais trabalho para cima dos professores das escolas, mas contratando pessoas especializadas.
A 3ª pede que se resista às modas, nomeadamente à moda de baixar o nível de linguagem para tornar o ensino acessível aos mais fracos e aos que chegam à escola com menos recursos de vocabulário. Como diz o artigo, a escola deve almejar melhorar o nível, a riqueza e a diversidade do vocabulário dos alunos e não torná-lo mais pobre. Isto é uma evidência, mas vá lá alguém explicar isto ao ME que acha bem que se substitua a literatura por artigos de jornal, blogues e de Apps de redes sociais.
A 4ª pede para se fortalecer a coesão da nação e do tecido social (eles têm problemas grandes de integração cultural de imigrantes) através da mistura de classes sociais na escola pública. As crianças que não se dão umas com as outras na escola também mais tarde não se dão umas com as outras na vida. A escola tem que compensar as desigualdades de contextos sociais sob pena de se perpetuarem as divisões e os conflitos.
A 5ª pede para que restabeleça a autoridade do professor, constantemente posta em causa pela hierarquia e pela sociedade com consequências nos alunos. Pede que se acabe com a ideologia pseudo-pedagógica de pôr, em termos de conhecimento, os professores e os alunos em pé de igualdade e de fazer com que os alunos acreditem que sabem tanto ou mais que os professores. Alguém que vá explicar isto ao inteligente do nosso ME e à nossa 'elite política e social'...
A 6ª aborda o peso do Bac nas notas de entrada na universidade. Por cá temos o tema dos exames que é idêntico e que é mais complexo do que a opinião deste artigo faz parecer.
A 7ª pede que se valorize o ensino profissional.
A 8ª pede que se acompanhe melhor os alunos com handicaps. Dá o exemplo da Itália que tem um programa excelente de inclusão em que os alunos são postos em turmas pequenas e acompanhados por especialistas adequados ao seu problema particular. Este é um tema que em Portugal se fala como se houvesse inclusão, não havendo. Em 1º lugar os alunos com algum problema desse género são enfiados em turmas de 30 alunos (há turmas que têm dois ou três alunos com problemas desses) e depois não têm, nem dentro da sala de aula, nem fora, pessoal especializado que os acompanhe e integre. São os professores chamados de, 'educação especial' que fazem isso, mas estes professores não têm nenhuma especialidade adequada -excepto um ao ou outro que é psicólogo. São professores de Português ou de Artes ou de Biologia ou outro curso qualquer que optaram por fazer esse trabalho. Muitos são pessoas muito dedicadas e fazem o seu melhor, mas a verdade que não têm formação para acompanhar devidamente um autista, um cego, um aluno com síndrome de tourette, etc. Como o nosso governo não está para gastar dinheiro com alunos, inventa uma narrativa de inclusão.
A 9ª diz que sem o aumento dos salários dos professores nenhuma medida tem sucesso, porque as pessoas não vivem do ar e ninguém quer uma profissão tão desgastante, complexa e difícil a ganhar miseravelmente. Este é mais um assunto evitado pelas nossas autoridades competentes porque implica custos em dinheiro e o dinheiro não é para o povo.
A 10 e 11ª ª têm que ver com a formação de professores, com o modelo de formação, a quantidade de anos de curso e de mestrado em educação ou se devem ser formações simultâneas, etc. Mais uma vez querem baixar o nível da formação porque também têm falta de professores. Querem o retorno da École Normal. Cá até já tivemos as 'licenciaturas para ensinar' que eram uma espécie de cursos em versão resumo. Enfim, uma ideia da grossen burren.
A 12ª e última aborda o tema do chefe do estabelecimento: o director. Fala da sua importância (formação e recrutamento) face à complexidade crescente do trabalho, ao aumento da agressividade dos pais e mesmo dos alunos, que tem a conivência da sociedade e das hierarquias, na ausência de medidas e de apoio às escolas e aos seus dirigentes.
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