August 02, 2023

Ontem foi o dia mundial do cancro do pulmão, o que mais mata em todo o mundo

 


No Dia Mundial do Cancro do Pulmão é fundamental lembrar que este persiste como uma doença que afeta milhões de pessoas a nível mundial. Na Europa são diagnosticados cerca de 300 mil casos todos os anos, constituindo a principal causa de morte oncológica. Em Portugal morrem diariamente cerca de 13 pessoas devido a este tipo de tumor.

No século XXI, o tabagismo mantém-se como a principal causa para a doença, embora outros fatores, como os genéticos e os ambientais, possam originar um risco acrescido. Nos últimos anos temos assistido ao diagnóstico deste cancro em faixas etárias mais jovens, comparativamente com o século passado – e num número crescente de mulheres que, por vezes, nunca foram fumadoras. Não se encontram totalmente explicados os motivos, mas crê-se que tal resulta da interação entre os fatores anteriormente mencionados.

O cancro do pulmão pode ser uma doença devastadora para o próprio e para a família, constituindo um importante problema de saúde pública, mas é importante enfatizar que os avanços científicos têm proporcionado uma maior sobrevivência e qualidade de vida aos doentes.

Os programas de rastreio Apesar dos resultados muito positivos alcançados nos estudos publicados, a sua implementação tem sido atrasada na maioria dos países devido a limitações, das quais se destacam as dificuldade de organização e estruturação a nível nacional ou local, os custos, a escassez de equipamentos e de profissionais qualificados para a realização de todas as avaliações, a possibilidade de resultados “falso-positivos” ou “falso-negativos” e as suas implicações, entre outros.

Para colmatar alguns destes problemas, encontram-se em investigação algoritmos de inteligência artificial que analisam as imagens da TAC com um grau de detalhe superior ao olho humano treinado, podendo não só detetar pequenas alterações imagiológicas bem como prever a probabilidade de desenvolver cancro, tendo potencial para otimizar a deteção precoce num futuro próximo. No âmbito do rastreio, diferentes grupos de investigação avaliam possíveis marcadores de cancro no ar expirado, mas teremos de esperar vários anos até que as suas descobertas se tornem uma realidade que possa ser oferecida à população.

No que diz respeito ao diagnóstico do cancro do pulmão, continua a ser necessária a aquisição de material do tumor. Para além das técnicas tradicionais, utilizadas há décadas, como a broncoscopia e a biópsia aspirativa guiada por TAC, surgiram outras que possibilitam alcançar áreas anatómicas que anteriormente eram de difícil acesso – como, por exemplo, programas virtuais de navegação que se assemelham ao GPS e guiam biópsias em locais mais periféricos do pulmão, com maior segurança.

Também no tratamento têm ocorrido avanços significativos nos últimos anos. As terapias-alvo têm sido utilizadas com sucesso no cancro do pulmão, nomeadamente num subtipo designado de adenocarcinoma. Essas terapias são personalizadas e direcionadas ao perfil genético e molecular do tumor, tornando o tratamento mais eficaz e com menos efeitos secundários. Além disso, têm sido desenvolvidos novos medicamentos, como a imunoterapia, que ajudam o sistema imunológico do doente a combater o cancro.

A abordagem deve ser sempre multidisciplinar, dado que não existe uma única área do conhecimento que inclua todas as vertentes necessárias para um correto diagnóstico, tratamento e seguimento. Nesse sentido, os profissionais de saúde de cada instituição organizam-se em reuniões locais para discutirem cada situação de forma individualizada e eficaz.

António Bugalho, médico pneumo-oncologista in novidades-sobre-o-cancro-do-pulmao


2 comments:

  1. Ontem. E anteontem foi o dia mundial de quê?

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    1. Não me interessam todos os dias em que se comemora alguma coisa, mas interessa-me o cancro do pulmão porque o tenho.

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