July 13, 2023

Tanta coisa para ler e tão pouco tempo

 


Resolvi aproveitar estas férias, que estão quase a começar, para estudar o Idealismo Transcendental de Kant - o problema da relação epistemológica e metafísica entre nós e as coisas (as coisas-em-si, a aparência das coisas, a nossa representação mental das coisas, os pressupostos apriorísticos estruturantes das representações mentais das coisas, as condições de conhecimento, enfim) é um incómodo permanente.

De Kant diz-se tudo: que é um dogmático, mas que argumenta como um céptico, que tem um pendor para o empirismo mas que argumenta com o racionalista... Porém, Kant diz claramente que não é dogmático e que não é céptico, mas a interpretação mais corrente do seu IT -de Strawson- é a de que Kant se enleou em contradições epistemológicas e ontológicas e tem uma metafísica intelectualmente desonesta.

É difícil acreditar que Kant, tendo uma mente tão analítica, sistemática e minuciosa não tivesse percebido que se tinha enredado em contradições óbvias, grosseiras. Esteve dez anos calado, por assim dizer, a pensar nos problemas.

Henry E. Allison, um grande estudioso especialista em Kant que morreu há pouco mais de um mês, tem uma interpretação diferente da maioria que segue a interpretação de Strawson.
Allison, faz a defesa do IT de Kant e mostra [diz ele] que não só não há contradição alguma entre a filosofia teórica substantiva de Kant e seu idealismo transcendental, como são coerentes e inseparáveis. Além disso, ele pensa que Strawson não percebeu Kant e todas as interpretações que nele se baseiam cometem os mesmo erros.
Em suma, vou estudar o IT de Kant com o livro de Henry E. Allison. Hoje adiantei 20 páginas. Como o livro tem umas 550, vão ser precisos 27,5 dias. É o mês das férias. Vamos ver.

(também queria ler a História da Filosofia do Habermas que já comecei a ler - é uma HF diferente do habitual porque não é a história dos filósofos e correntes filosóficas mas sim uma meta-história, uma reflexão sobre a HF na -nossa- história europeia - esse são dos volumes de letra miudinha, cada um com 600 páginas, mas muitíssimo interessante e, em contrapartida, é uma leitura «leve», comparativamente ao IT)


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