Só não sabemos quanto tempo ainda se aguenta: em primeiro lugar porque não conhecemos bem as condições internas da Rússia (o que anda Prigozhin a congeminar e com quem e que facções de ruptura há no exército) e depois porque não conhecemos todas as condições externas que influenciam o futuro.
Porém conhecemos muitas e certos eventos são sintomas claros desta degradação: Erdogan apoiar a entrada da Ucrânia na NATO tem um enorme significado. Erdogan era um dos apoiantes de Putin na sua narrativa da NATO ter desencadeado, indirectamente, a guerra.
A entrega de bombas de fragmentação à Ucrânia pelos EUA é outro grande sintoma: significa que os EUA não têm nenhuma dúvida sobre a importância global do desfecho desta guerra e de como estão comprometidos a não deixar a Rússia avançar nos seus movimentos de colonização continental.
As bombas de fragmentação não deviam existir, sequer, mas como muitas armas que não deviam existir, existem e, estas em particular, estão a ser usadas pela Rússia desde o início da invasão, contra os ucranianos. Parece-me que os ucranianos têm o direito de defender-se. É a mesma situação das armas nucleares.
Se a détente durou tanto tempo foi porque ambas as potências sabiam que, se atirassem uma bomba/míssil para o inimigo, a resposta seria simétrica ou pior e, na verdade, sendo nós todos -penso- contra o uso de armas nucleares, se uma das potências tivesse tido essa terrível iniciativa, todos esperaríamos que a outra ripostasse, sob pena de serem aniquilados e o resto do mundo ficar refém dessa potência dominante e da sua ameaça nuclear. Todos sabemos o que aconteceu enquanto apenas uma potência tinha a bomba nuclear: lançou-a sobre o Japão. Duas vezes. E é por essa razão que compreendo muito bem que os EUA tenham entregue essas bombas à Ucrânia.
Há mais que uma razão para esta guerra ainda durar: os aliados terem levado meses e meses a acreditar nos ucranianos e a perceber quem é Putin (todos nos lembramos de como pensavam que se podia fazer acordos de paz com Putin) e como consequência terem levado muito tempo a entregar armas para a Ucrânia se defender.
Outra razão para esta guerra ainda durar está em os russos não perceberem o que é a guerra porque não a sentem na pele. A guerra passa-se longe das suas vidas das suas casas e, a não ser aquelas famílias que têm rapazes na guerra, é sobretudo uma coisa da TV.
Estamos habituados a falar de países colonizadores relacionados com o racismo e como se fosse uma situação do passado exclusiva de África, mas não é: a Rússia é um país colonizador e à moda antiga, só que com as armas do presente. Deus nos livre de conseguirem colonizar a Ucrânia.
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