Hoje uma amiga contou-me (e é uma pessoa fidedigna, senão eu nem contava aqui o episódio) que aqui há tempos tinha bilhetes para um espectáculo no Altice Arena e foi jantar, antes do espectáculo, com o marido, numa pizzaria que há ali em frente. Estavam sentados há pouco tempo quando entra por ali adentro o Presidente da República, com membros da sua comitiva, seguranças, enfim, o circo. Vai até ao balcão cumprimentar os donos e depois olha em volta à espera de reacções, mas parece que ninguém lhe ligou nenhuma. Sentou-se e pediu qualquer coisa. Enquanto esperava levantou-se e foi meter-se com as pessoas a dizer olá e fazer perguntas que não interessam. Passou pela mesa da minha amiga, pôs a mão no ombro do marido e perguntou, "Também vão ao espectáculo? Estão à espera há muito tempo? Não se preocupem com as horas porque 'o Costa' chega atrasado a todo o lado e não começam sem ele". Depois foi meter-se com outros e às tantas alguém lhe pediu uma selfie e então lá sossegou e foi comer. A minha amiga ficou completamente perplexa e chocada pela maneira como MRS falou do primeiro-ministro ali numa pizzaria com pessoas que não conhece de lado nenhum, como se, passado o umbral do restaurante tivesse deixado de ser o Presidente da República e tivesse passado a ser um anónimo. Todos gostamos de um Presidente que seja próximo dos seus eleitores, mas isso não é este excesso de familiaridade e défice de formalidade institucional. Mau. Muito mau.
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