May 15, 2023

Por falar em 'dia do fascínio das plantas': cada flor tem o seu(s) polinizador




foto de Olinda Monteiro


Mylabris quadripunctata

(Linnaeus, 1767)


Facilmente reconhecido pela sua cor vermelha e brilhante e pelas 4 manchas pretas de onde vem o nome “quadripunctata”. Todo o corpo é preto, com exceção dos élitros (a vermelho), e as antenas são segmentadas e na extremidade tem a forma de uma maçã ou clava. É um inseto muito comum durante os meses quentes, podendo ser avistado em prados floridos ensolarados como aqueles existentes na Rota da Biodiversidade ou no Parque da Cidade.

15 - 18 mm - Ordem: Coleoptera - Habitat: Prados floridos com boa exposição solar -  Alimentação: Pólen e néctar de várias plantas como, por exemplo, as das famílias Papaveraceae ou Asteraceae

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do Guia dos Insectos Polarizadores de Guimarães:

COMO AJUDAR OS INSETOS POLINIZADORES

A existência de uma comunidade abundante e rica em espécies polinizadoras é uma condição necessária para a manutenção de ecossistemas saudáveis e resilientes. Por isso, o desaparecimento dos polinizadores teria um impacto imenso no planeta, com sérias implicações ecológicas, sociais e económicas.

Para reforçar a resiliência aos efeitos adversos das alterações climáticas, é essencial proteger e restaurar a biodiversidade, bem como garantir o bom funcionamento dos ecossistemas. Se em todos os espaços verdes criarmos condições para abrigar a fauna e flora autóctones, todo o ecossistema irá beneficiar (Figura 3). Existem várias medidas que podem ser implementadas como uma estratégia integrada local para a promoção dos polinizadores, nomeadamente:

+ Dar preferência às plantas autóctones ricas em pólen e néctar que considerem as espécies de polinizadores generalistas (alimentam-se de diversas espécies de plantas) e especialistas (alimentam-se de um número muito reduzido de espécies de plantas). Assim, o habitat fornece pólen e néctar continuamente ao longo do ano, em particular entre março e setembro, o principal período de atividade dos polinizadores.

+ Identificar as paisagens de alto valor para os insetos polinizadores e que, por isso, requerem proteção. Estas podem ser encontradas em jardins públicos e privados, adros de igreja, em torno de lagos e zonas húmidas, clareiras, entre outros.

+ Melhorar as condições do solo, para a nidificação de muitas espécies de insetos polinizadores, e da qualidade do substrato, para que possa prosperar uma comunidade saudável de plantas — ambos os requisitos são importantes para o habitat dos polinizadores.

+ Manter as bordas dos campos agrícolas com flores silvestres, muito apreciadas pelos polinizadores, aumentando consequentemente a produção e a qualidade dos produtos alimentares.

+ Evitar o uso de pesticidas e herbicidas e apoiar práticas agrícolas sustentáveis.

+ Apoiar projetos de ciência-cidadã relacionados com a promoção de polinizadores (ex. participar na monitorização dos polinizadores para ajudar a estudar a distribuição e estado de conservação dos insetos).

+ Evitar e controlar a propagação de espécies exóticas invasoras, tanto de plantas como de animais.

+ Cortar com menor frequência os prados silvestres e evitar cortar demasiado cedo na primavera, disponibilizando alimentos aos polinizadores.

Um cidadão com um jardim, horta ou canteiro pode ajudar ao optar por plantas atrativas para os insetos polinizadores. Dois aspetos muito importantes devem ser tidos em conta na escolha da composição florística para esses espaços, nomeadamente: i) a representatividade das principais famílias de plantas (ex. cenouras, salsas, couves, trevos, boragináceas), permitindo uma abundância e diversidade de flores com diferentes cores e formas que, por sua vez, irão atrair uma maior diversidade de polinizadores; e ii) garantir flores durante todo o ano, conjugando espécies que floresçam na primavera, verão, outono e inverno.

Os insetos polinizadores prosperam se estiverem reunidos os recursos de que necessitam para satisfazer todas as fases do seu ciclo de vida e nas estações certas. Saber a época de floração das plantas ajuda a fornecer alimento aos polinizadores.



Assim, no início da temporada (fevereiro a maio), as plantas são mais escassas, pelo que é extremamente importante manter a vegetação silvestre existente. Nesta fase, as flores são vitais para as abelhas-rainhas, que vão criar os ninhos, bem como para as abelhas solitárias que emergem nesta altura após a hibernação.

A meio da temporada (junho a agosto), a abundância e diversidade de plantas com flores adequadas tanto para espécies polinizadoras generalistas como especialistas é necessária para garantir a produtividade, diversidade e abundância de insetos polinizadores.

No fim da temporada (setembro a outubro), as flores que permanecem são importantes para alimentar as abelhas- -rainhas e outras espécies polinizadoras que se preparam para hibernar.

Excerto do Guia dos Insectos Polarizadores de Guimarães, um trabalho muito interessante de ler e muito bem ilustrado, mesmo para quem tem só um pequeno quintal ou até uns vasos de flores ou apenas para se informar.

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