A razão para porem em forma de lei a passagem dos partos dos médicos especialistas para os enfermeiros especialistas (de preferência) dá-se por razões de haver falta de médicos e o governo se recusar a dar aos médicos condições e uma carreira digna. É por essa razão que em Inglaterra (e noutros sítios) isso também já se faz.
Agora corrijam-me se estou enganada e digo isto sem nenhum desprimor para os enfermeiros em geral que fazem um trabalho mal reconhecido:
- Uma coisa é permitir-se que enfermeiros substituam médicos em situações de excepção como é esta dos hospitais públicos não terem médicos, outra coisa é legislar essa excepção, pois ao legislar, está a dizer-se que essa medida é positiva e desejável. É desejável que os enfermeiros substituam os médicos em actos médicos? Nos hospitais de campanha, nas guerras, muitas vezes é o enfermeiro que faz uma intervenção cirúrgica porque é preciso salvar o doente e não está ali nenhum médico. Compreende-se. Agora, é mais difícil compreender que, por ser essa a prática em tempos de falta de médicos, se considere essa prática louvável e se legisle que passe a ser a regra. Seria como na educação, onde agora temos pessoas que não são professores, a substituir professores por haver falta, passarem a ser, por lei, consideradas um opção louvável, em vez dos professores.
- Penso que esta substituição de médicos por enfermeiros se dirige apenas às mulheres pobres. Logo, é discriminatória. Não me parece que uma mulher vá a um ginecologista-obstetra privado pagar 100 euros por mês na consulta de gravidez, mais a fortuna que paga pelo parto, exames médicos, internamento, etc. e depois aceite que o médico a deixe com os enfermeiros na hora H e vá de férias. Eu nunca aceitaria. Portanto, isto são medidas para pobres que não têm possibilidade de ter uma palavra a dizer porque se tivessem queriam lá um médico, de preferência o seu. Sabe lá a gente quando é que um parto que parece de baixo risco se torna de grande risco? E mesmo não sendo de risco, um parto, sobretudo o primeiro, é um acontecimento dramático, não é como ir mudar o penso.
- Os serviços públicos estão à míngua e não por falta de dinheiro, mas por incompetência e desinteresse do governo e quere-se legislar a sede e a fome como coisas boas para não ter que resolver os problemas.
O corporativismo e a orientação da DGS sobre o parto
A maioria dos partos de baixo risco já é efetuada por enfermeiros especialistas. Foi com enorme espanto que assistimos à despropositada reação da Ordem dos Médicos.
Os critérios de baixo risco encontram-se bem definidos e o trabalho em equipa é, como sempre, incentivado. Na prática, nada mudará. No SNS, a maioria dos partos de baixo risco continuará a ser efetuada por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica (EESMO). A qualidade da sua formação é tão reconhecida que ganharam, nas urgências obstétricas, autonomia para iniciar processos de internamento e prescrição de análises. Em cada vez mais unidades dos cuidados de saúde primários, são responsáveis pela vigilância de grávidas de baixo risco.
O corporativismo e a orientação da DGS sobre o parto
A maioria dos partos de baixo risco já é efetuada por enfermeiros especialistas. Foi com enorme espanto que assistimos à despropositada reação da Ordem dos Médicos.
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