Rachmaninov compôs esta peça inspirado por uma reprodução a preto e branco desta pintura de Böcklin, com o mesmo nome. Quando uns anos mais tarde viu a pintura verdadeira, disse que as cores não eram nada como as tinha imaginado e que tivesse visto primeiro a pintura verdadeira, teria composto este poema sinfónico de forma totalmente diferente.
Este quadro de Böcklin encontra-se no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Está sozinho numa pequena sala, com um banco em frente e com esta música de Rachmaninov a tocar.
Esta música, apesar dele a ter escrito para outras cores que imaginou, é perfeita para acompanhar a contemplação da pintura. A pintura é ao mesmo tempo reconfortante, por causa da enorme pedra em forma de abraço no lago de águas plácidas e sombria, por causa da densidade impenetrável e um bocadinho angustiante dos ciprestes que anunciam o lugar dos mortos. A tensão vem-nos da figura de branco, fantasmagórica, que se aproxima da ilha. Também a música tem trechos plácidos que, de repente, vão em crescendo criando uma atmosfera sombria e ameaçadora que de repente volta a cair como uma cascata que se despenha. Que atmosfera romântica e profunda, têm uma e outra, a música e a pintura.
Não me lembro de ver esta pintura no MET, mas aquilo é tão grande que para ver mais do que um pedaço teria que ir lá várias vezes.
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