As novas pedagogias são auto-estradas de prejudicar pessoas e espalham-se como um cancro

 Li hoje na Marianne que em França chegaram à conclusão que a escola pública reproduz as desigualdades sociais e condena os filhos dos pobres a serem pobres. Que a leitura em idade precoce é um assunto para famílias abastadas que estão envolvidas em competições escolares. Que o acesso à leitura é mais difícil para crianças com menos vocabulário. Conclusão: a França vai investir nas crianças mais pobres para que a escola pública lhes dê acesso a essa ferramenta tão importante? Não. Vão é adiar a aprendizagem da leitura por um ano (em vez de ser aos seis, aos sete) para que as crianças pequenas das classes trabalhadoras não fiquem numa posição inferior. E citam os países escandinavos, esquecendo de dizer que a Suécia atravessa uma grande crise na educação (estão cheio de imigrantes e já não têm a hegemonia que permitia certo tipo de educação escolar) e a Finlândia é um país hegemónico com 5 milhões de pessoas. Faz lembrar o exemplo da Escola da Ponte que é uma comunidade pequena mas que querem alargar a todo o universo escolar como se fossem comparáveis.

Portanto, os novos pedagogos da França, em nome de uma igualdade minimizante, em vez de investir nas crianças mais pobres, vai desinvestir em todas. Em vez de estimular, vai desmotivar, ao ponto de contrariar o impulso de aprendizagem natural das crianças. Não conheço nenhuma criança que não queria aprender a ler, logo aos 5 anos, assim que percebe que há um universo ao seu alcance a que só acede quando aprende a ler. Pois em França vão engonhar as crianças com imagens até aos 7 anos de idade.

A articulista que escreve o artigo lembra que o método global ou ideo-visual de aprender a ler foi inventado nos Estados Unidos na década de 1930 por pessoas que estavam preocupadas que as crianças da burguesia estivessem a aprender a ler enquanto as crianças da classe trabalhadora apenas decifravam sem acesso a perceber o significado. Conclusão: acabaram com a descodificação para chegar de imediato ao significado. Resultado: gerações de crianças analfabetas, lutando com textos simples e discussões em que os chamados "pedagogos" acusavam os denunciantes de defenderem um privilégio burguês, enquanto falavam em nome das "ciências da educação". Esse discurso persistiu até os neurologistas, primeiro e depois os sociólogos, demonstrarem que o método silábico é mais eficaz, particularmente para crianças de meios desfavorecidos.

Esta é a mesma lógica da senhora da Confap que critica os professores por haver pobres no país que não têm dinheiro para irem numa visita de estudo a Londres e que defende que sendo assim, nenhum devia ir para ficarem todos prejudicados.

Não admira que o QI na Europa esteja em queda já há bastantes anos.

Para quem quer ouvir o podcast: la-lecture-est-inegalitaire-supprimons-la-lecture-quand-leco