February 17, 2023

Protestar cansa




Professores: protestar cansa

Um professor não anda, somente, com a “casa às costas”, anda também com os “papéis às costas”, “alunos às costas”, “pais às costas”, “colegas às costas” e com os “directores às costas”.

por Joaquim Jorge

Os professores têm demonstrado uma galhardia impressionante. Os professores, apesar de protestar cansar, não desistem e não param de fazer ver os males da sua profissão.

O governo não está cansado, porque nada faz. Eu auguro, se o governo não conseguir um acordo com os professores, com cedências de parte a parte, um contágio na degradação política que pode fazer cair o governo.

O governo, com todos os “casos” à sua volta, conseguiu manter-se de pé, mas não está muito seguro de si. Se levar um empurrão pode cair. Quem pode dar esse empurrão são os professores.

António Costa delega em João Costa, Ministro da Educação, o ónus da resolução deste diferendo que dura há muito tempo. Mas, mais tarde ou mais cedo, tem que chamar a si a solução deste problema intricado.

Não vou enumerar aqui, todas as lamúrias de uma classe vilipendiada e demonizada.

Um professor não anda, somente, com a “casa às costas”, anda também com os “papéis às costas”, “alunos às costas”, “pais às costas”, “colegas às costas” e com os “directores às costas”.

Tudo é questionado, a falta de autoridade e credibilidade é posta em causa por tudo e por todos. Ser professor é a profissão mais escrutinada da função pública por via directa e indirecta.

Já passaram pelo ministério muitos governantes incompetentes e nada lhes aconteceu, mudam as regras do jogo a seu bel- prazer, não existe em Portugal desígnios nacionais e o mais importante deveria ser o da Educação.

Eu não aceito que uma escola seja dirigida, como uma empresa ,com planos meritocráticos. Uma escola lida com seres humanos não é uma linha de montagem de materiais.

Os professores não são os desprezíveis e os energúmenos, os pais devem ter uma conduta de colaboração com a escola e chamarem à atenção do comportamento dos seus filhos.

O braço-de-ferro, entre o governo e os professores, pode acabar mal, se não houver um princípio de acordo, que, evidentemente, se prolongue no tempo, como seja, a recuperação do tempo de serviço. Comece-se a preparar atempadamente a debandada de professores que atingem a idade da reforma, por gente nova com vontade de singrar na docência.

Para isso, é preciso investir em ideias, dinheiro e inteligência.

Os professores não têm culpa de serem uma das classes mais numerosas que exige ponderação e savoir-fair.

Um governo que não liga à Educação e aos professores não merece ser governo.

Fundador do Clube dos Pensadores

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