January 26, 2023

Livros - "Os Últimos Escritos de Thomas Kuhn"



Apresentando as Palestras do Memorial Shearman no University College, Londres, em Novembro de 1987, Thomas Kuhn reflectiu sobre o momento que lançou a sua carreira filosófica. Era um estudante da licenciatura e enquanto preparava o inquérito obrigatório a caloiros na história da ciência, tentava compreender como era possível alguém ter aceitado, alguma vez, a física aristotélica. Kuhn lembra-se vivamente de olhar pela janela durante algum tempo antes de perceber subitamente que Aristóteles usava o termo, movimento, com um significado muito diferente dos seus sucessores newtonianos. A noção de Aristóteles era mais ampla: abrangia o modo como a bolota se transforma num carvalho ou o declínio do corpo da saúde para a doença, em vez de apenas significar o modo como os objectos físicos se movem de um local para outro. Muitos dos aparentes absurdos da sua teoria - a impossibilidade de um projéctil continuar a mover-se uma vez lançado da sua fonte - foram na realidade o resultado da leitura dos seus textos a partir de conceitos contemporâneos de movimento. Portanto, era essencialmente um problema de tradução: de não ser capaz de se pensar num mundo completamente diferente e não simplesmente um problema de tentar captar a nuance do grego original. Dito de forma simples, não se podia esperar que duas épocas diferentes esculpissem a natureza usando as mesmas ferramentas.  ~Paul Dicken

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