Informação: soubemos que não há negociação nenhuma a decorrer. Na realidade, o ministro estabelece unilateralmente a ordem de trabalhos do dia, portanto, o que vai ser abordado. Até agora só fizeram parte da reunião dois pontos: a vinculação de contratados (algo que está na lei há imenso tempo e até já houve condenação do Tribunal Europeu por terem professores a trabalhar a prazo durante décadas) e o aumento de quadros de zona, que não foi negociado, foi mostrado como uma decisão tomada.
Tanto quanto nos foi dito nenhuma das reivindiaçãoes dos professores sequer, alguma vez, fez parte da ordem de trabalho e na próxima reunião o ministro vai aparecer já com o decreto-lei onde estão todas as decisões unilaterais do ME: professores nas mãos de colégios de directores que por sua vez estão nas mãos das câmaras a poderem despachar das suas escolas todos que não gostam; continuação de quotas para aceder a escalões e afastar 70% dos professores da possibilidade de aceder ao topo da carreira; nenhuma recuperação de tempo de serviço prestado, cujo produto foi roubado pelo Estado; ausência de ajudas de custo ou incentivos a professores deslocados ou em 2 ou 3 escolas ao mesmo tempo, etc. Enfim, tudo como dantes no quartel-general de Abrantes. Portanto, deduz-se que o ME mente descaradamente quando diz que ouve os professores (só ouve naquele sentido em que lá está sentado e a certa altura é obrigatório, por lei, que os outros possam falar) e há negociações em curso. Não há, nem haverá.
Conclusão do que se passou na minha escola: apesar das tentativas de Mário Nogueira de pôr os funcionários contra os professores (vá-se lá saber para quê...), depois do ME e da Confap tentarem pôr as famílias contra os professores, estamos todos juntos nesta luta, porque isto não é um braço de ferro, são as nossas vidas que estão em jogo e a educação pública do país, nas mãos de políticos irresponsáveis, demagogos e inconsequentes. Gente que se diz de esquerda mas desistiu de dois Ds da revolução, a saber, Democracia e Desenvolvimento: isto é o país de meia dúzia para meia-dúzia. Não desistiram da Descolonização porque já foi feita, senão também a traíam. Conheço muita gente como os nossos governantes: pessoas com muito dinheiro mas que pagam muito mal aos seus empregados e depois à laia de caridadezinha dão-hes qualquer coisinha no Natal. É assim que nos querem na escola: a trabalhar como um CEO de uma empresa mas com a liberdade, a carreira e o salário de um porteiro.
Entretanto decidimos que enquanto houver greve às horas extraordinárias, vamos deixar de fazer esse trabalho: visitas de estudo (excepto as que já foram pagas) que obrigam a horas de telefonemas feitos dos telefones pessoais fora das horas de trabalho a contactar empresas de autocarros, museus, dentro e fora do país, companhias de aviação, dormidas, etc.; reuniões de EE feitas à noite, em horário pós-laboral, feitas, festas, exposições, palestras, clubes, etc. todas realizadas em horas extra.
Esses filhos da mãe deles deviam ser professores numa escola. De preferência uma periférica a cidade grande e que não fosse perto do lugar em que vivem. Era pô-los lá a trabalhar a contrato. Durante uns anos e não por seis meses. Atidos apenas ao ordenado que o estado paga.
ReplyDeleteMas isto é sonho.
O governo, pelo visto, continua a fazer o que quer, como quer.
Sabe o que é aborrecido? É que quem vai amargar por tudo o citado no último parágrafo, são os alunos. As visitas de estudo importam, sim. As reuniões com enc de educação também. E tanto mais que se faz e se fez sem olhar ao tempo gasto - que nunca eu o considerei perdido.
Isto custa em primeiro lugar aos professores (ainda hoje isso foi falado na reunião - há professores a organizar visitas fora do país, ao PE, por exemplo, que querem rentabilizar com idas a museus e outros sítios ali perto), que organizam visitas, organizam palestras, organizam clubes, organizam eventos (na semana passada estiveram, na minha escola, os netos do Aristides de Sousa Mendes no dia das vítimas do Holocausto. Houve vários eventos ligados a essa memória), fazem-se exposições. É uma parte do trabalho com os alunos que os professores gostam de fazer e sabem que os alunos aproveitam. Porém, acontece que é tudo feito para além das aulas, do trabalho individual de preparação de aulas, de formações, de avaliações, de burocracias infindas e grelhas e reuniões. É com muito trabalho feito em horas extra, às vezes à noite e à custa dos professores - há professores que trabalham muito longe da escola e em mais que uma escola - o governo sabe disso tudo e abusa, abusa, abusa, abusa. E, cúmulo dos cúmulos(!), há quem acuse os professores de só quererem fazer visitas de estudo para não dar aulas! Em muitos casos é obrigatório repor as aulas. É demais... tudo isto é demais...
ReplyDeleteA questão é apenas uma e única: os professores deixaram de ser respeitados pela tutela, perderam o estatuto que lhes pertence e espero que retomem. A bem do Ensino e deles. E o mal vem desde a famigerada ministra da educação de José Sócrates. Talvez seja mesmo anterior, mas ela trouxe-o à ribalta e dividiu para reinar.
ReplyDeleteSei ao milímetro o trabalho extra dos professores que vestem a camisola. E também a falta de reconhecimento que têm.
Que a vossa luta tenha êxito
Obrigada :)
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