December 06, 2022

Um 'casinho', que acabou com a morte da pessoa...



Setúbal. Técnicos de emergência denunciam morte após espera de duas horas pelo INEM


A situação ocorreu na segunda-feira, na freguesia de São Sebastião, com um homem de 64 anos, para quem foi pedida assistência médica, através da linha de emergência 112.

"Desde o tempo da primeira chamada até que chegou a primeira equipa de emergência médica, uma ambulância, passaram praticamente duas horas [...]. Se o socorro tivesse sido realizado atempadamente, as probabilidades de sobrevivência deste homem de 64 anos seriam, com certeza, muito maiores", afirmou o presidente do STEPH, Rui Lázaro, em declarações à agência Lusa.

A primeira chamada foi às 10:06, mas a mesma terá ficado em espera, tendo sido devolvida pelas 11:15, informou o presidente do SETPH, referindo que, segundo a linha do tempo, a ambulância foi despachada às 11:22 e a equipa da ambulância chegou junto da vítima às 12:05.

Este desfecho fatal "é já o terceiro caso de uma pessoa que morre enquanto espera por assistência médica", desde o verão deste ano, revelou o sindicalista, referindo que, além de Setúbal, as outras mortes foram uma em Lisboa e uma em Faro.

Nos últimos dias, já durante o mês de dezembro, foram "várias dezenas" de denúncias, realçou Rui Lázaro, destacando como "grande preocupação" as situações como a registada em Setúbal.

O sindicato STEPH começou a denunciar os atrasos na resposta de emergência médica no início deste ano, situação que "tem sido sempre negada" pelo Conselho de Administração do INEM.

"Durante o verão, tínhamos recebido já mais de 1.000 denúncias de atraso no socorro, o que motivou a que apresentássemos, inclusive no Ministério Público, uma denúncia contra o INEM e contra o seu presidente por estes atrasos. Efetivamente, o número de denúncias rececionadas por esta associação sindical tem vindo a aumentar, nota também que já demos ao novo ministro da Saúde, a quem pretendemos também fazer chegar, através de relatório, esta denúncia que nos foi feita chegar, em que se pode verificar que um homem faleceu de facto enquanto esperava por equipas de emergência médica", adiantou.

"Além da falta de técnicos de emergência pré-hospitalar, que tem originado a que diariamente várias ambulâncias estejam encerradas, há também o deteriorar do sistema de emergência médica e o deteriorar das condições do INEM, o que se tem verificado ao longo dos últimos anos", frisou o sindicalista.

Neste momento, o sistema de emergência médica está "muito próximo de uma rutura efetiva", disse, considerando que, "quando chega ao ponto de se ter já pessoas que morrem enquanto esperam mais de duas horas por assistência médica, é um ponto já que requer uma intervenção imediata da tutela".

O sindicato STEPH vai dar conhecimento da situação ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, "exigindo que tome medidas e que apure as devidas responsabilidades políticas do Conselho de Administração do INEM, que está mais que provado que não tem condições para continuar a dirigir o instituto".

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