Passa o tempo a dizer mal dos professores. Deve haver ali alguma coisa freudiana... enfim, diz mal e sempre a falar de maneira capciosa, vulgo, manhosa, para enganar quem está por fora dos assuntos que é quase toda a gente. Agora vem dizer que somos uns privilegiados face à população portuguesa. Bem, isso não é difícil tendo em conta que a maioria da população ganha o salário mínimo ou tem uma reforma de 400 euros... adiante, o que ele não diz é que não fazemos parte da maioria da população - um quarto dos portugueses tem mais de 65 anos e fez, na sua maioria, a escola primária antiga; dos que têm 64 anos ou menos, mais de metade fez o ensino básico, portanto, até ao 9º ano. Portanto, esta comparação é falaciosa.
Nós professores, somos licenciados (hoje-em-dia, mestres, pelo menos), temos cursos de especialização, alguns que foram como mestrados e dezenas de formações que são obrigatórias e fazemos todos os anos (ou ano sim ano não) para progredir na carreira, que este senhor ajuda todos os dias a destruir, nomeadamente lançando tanta sujeira para cima de nós que todos fogem a sete pés da profissão. Adiante.
Vem dizer que metade dos professores estão no 6º escalão ou no 10º... então, estão no 6º ou estão no 10º...? É que no 10º escalão estão cerca de 16% dos professores, o que não é muito, dado sabermos que mais de metade dos cerca de 140 mil professores têm mais de 50 anos. Portanto, dos 140 mil professores, cerca de 21 mil chegaram ao topo da tabela. Aos 62 anos era suposto estarem todos no topo da tabela, tendo cumprido bem o trabalho. A maioria está a meio da tabela. A média actual de entrada na carreira, portanto, para o escalão mais baixo, são mais de 46 anos de idade. Dezenas de professores entram para a carreira aos 60 anos de idade, de maneira que nem a meio da tabela alguma vez vão chegar.
Depois diz que os professores ganham 2254 euros brutos, sabendo que é preciso descontar impostos, de maneira que esse salário resulta em cerca 1300 euros a que juntam as deslocações, a segunda casa quando se é colocado longe, etc. Se um professor está no 10º escalão, o que significa quase quarenta anos de trabalho e a caminho dos 70 anos de idade, ganha 1950 euros depois de tirados os impostos. Isto é um privilégio?
Quanto ganha o ministro da educação para fazer o desserviço que tem feito à educação, que só de se falar em ser professor já fogem todos a correr? Pessoas formadas em qualquer coisa, postas nas escolas a fazer de professores de disciplinas de que só conhecem o nome - nem sabem o que se espera que um professor faça numa aula. Alunos que passam com 500 faltas e 6 negativas. Professores com 500 alunos. Milhares de alunos sem aulas ou com aulas de um cursos que leu 3 páginas sobre o que ensina. Porque não se cala?
E porque é que o primeiro-ministro insiste em ter ministros da educação lastimosos, pessoas que em minha opinião, nem para organizar uma sardinhada serviam? Porque é que o ME não muda de ministério? Vá estragar outro ministério que neste já vai em 7 anos de horror. Vá para o dos polícias que parece ser do seu agrado.
De facto somos todos os grandes privilegiados. Basta ir à porta das escolas e ver os carros dos professores: só BMWs, Mercedes, Lexus, Teslas, Maseratis e daí para cima.
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