Sou só eu que acho isto uma vergonha indizível? Todos os bispos sabem que há padres criminosos que continuam aconchegados pelos superiores para poderem continuar as suas vidas de crime, mas ninguém faz nada e, aliás, niguém abria a boca se não tivessem sido estas denúncias. Há uns tempos, um outro bispo dizia que isso de pedófilos era coisa de anglo-saxões e que os padres portugueses não faziam essas coisas. Sabendo ele da ladainha toda, está claro. A igreja católica dá mais valor à fachada de seriedade que ao 'próximo' que diz amar e servir acima de tudo.
Hoje li um artigo daquele ignorante do jornal Sol em que diz que vivemos numa sociedade moralista e que as pessoas pegam em minudências para criticar gente pública. Dá o exemplo de Boris Johnson, criticado por, diz ele, ir a umas festas. Boris Johnson ia a umas festas durante o tempo em que por sua ordem a polícia prendia filhos por irem ao funeral de seus pais, mas este opinador do público pensa que os políticos e figuras públicas não têm que sujeitar-se às leis e obrigá-los a isso é um moralismo atávico.
Já outro dia a Bárbara Reis escrevia no público que devíamos desconfiar, não dos políticos que mentem mas das pessoas que chamam mentirosos aos políticos, pois leu um livro de um pensador que defende que a verdade é um conceito ultrapassado e que o que há são posições subjectivas, legítimas no seu ponto de vista e não mentiras. Se Bárbara Reis lesse mais do que um livro de um único pensador percebia que os conceitos da filosofia, como os da ciência, não se aplicam directamente no quotidiano do senso comum. A Física também nos diz, como certas correntes na filosofia já o diziam há séculos, que a chamada 'realidade' é uma construção mental e que as coisas não existem em si, mas como percepções, mas daí não se segue que eu possa ir diante de um juiz dizer que não cometi um crime que cometi e do qual existem provas inabaláveis com o argumento de que a verdade é um ponto de vista, que a realidade é uma construção mental, que na minha realidade sou completamente inocente, que na minha perspectiva o juiz nem sequer existe como coisa em si mesma e que o juiz é que está mal porque não entende a questão filosófica da verdade.
Às vezes leio os artigos do jornal e tenho que ler outra vez para ter a certeza de que está lá mesmo escrito o que li: o bispo auxiliar de Lisboa diz, num tom blasé, que sim, há padres criminosos que continuam placidamente a cometer crimes com o conhecimento da Igreja.
Fico pasmada com a hipocrisia imoral da Igreja e com a empatia conivente que têm com os criminosos e não com as vítimas. Mas que sei eu? Talvez seja uma perspectiva onde o crime é um mero constructo mental de moralistas como eu, pobre ignorante da verdade enquanto constructo mental. Ou talvez seja a prova que os bispos e padres são os primeiros a não acreditar nos ensinamentos do Cristo e nas penas eternas dos pecadores.
Diga-me uma coisa: de acordo com a Bárbara Reis, Hitler, Estaline, Pol Pot, etc., não podem ser censurados de nada, visto que se limitaram a adotar posições subjetivas, legítimas do seu ponto de vista?
ReplyDeleteMais: segundo a minha posição subjetiva, legítima do meu ponto de vista, a Beatriz deveria limitar-se a ficar na cozinha, em vez de andar por aqui a fazer o que bem entende o seu tempo. É isto?
Agora diga-me outra coisa: a Bárbara Reis pensa por si própria, ou é apenas destituída?
Sei lá. De vez em quando leio coisas nos jornais completamente parvas.
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