September 01, 2022

Dia de voltar ao serviço

 


Mas ainda há uns dias para preparar o trabalho antes de abrirem as hostilidades, como se costuma dizer. Então, já que vou começar o programa pela Estética, fui até à Gulbenkian ver o Rembrandt  emprestado pelo Thyssen-Bornemisza - «Autorretrato com boina e duas correntes». Para ver o retrato em tela inteira clique na imagem que vai dar à respectiva página da Wikimedia. Vale a pena, consegue ver-se bastante bem a expressão do seu olhar e outros pormenores. Apesar de uma imagem nunca conseguir provocar a impressão da coisa em si - falta-lhe a textura e a densidade, as nuances das sombras e a impressão de luz. O ecrã do PC, do tablet ou telemóvel tem sempre brilho e é de um liso líquido que tira a força e a projecção à pintura.

A legenda informa-nos que ele se retratou com as roupas da profissão como um tributo aos artistas flamengos do século XV. Conseguimos, se nos concentrarmos, olhar para ele e projectar com a imaginação e com o que conhecemos da época, o que era a vida desta pessoa. Ele retrata-se numa pose de dignidade, riqueza e sobriedade. Mesmo que não soubéssemos quem era percebíamos que era um homem de importância. O olhar dele fixa-nos com uma acutilância que mesmo na outra ponta da sala, se o olhamos, vêmo-lo a estudar-nos, cheio de vida.

Enfim, valeu a pena. Como me obrigaram a pagar o bilhete da coleção do fundador para ver o retrato, que está na sala da pintura flamenga, aproveitei e fui ver o Ruisdael. É outro pintor que põe uma força nas telas que é como se entrássemos naquelas florestas onde a natureza é ainda fechada e por isso, conserva toda a magia. Ver essas duas telas foi como ficar agradavelmente cheia depois dum almoço excelente no melhor restaurante da cidade.



Rembrandt van Rijn, «Autorretrato com boina e duas correntes», 1640.

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