July 02, 2022

Mas o homem parece no casulo ainda

 


Porque os pássaros sãos irmãos dos peixes

E das águas navegadas o sonho do espaço brotou

Nas constelações reluzentes e líquidas

Das heras escuras do tempo.

Mas o homem parece no casulo ainda

A seiva coalhada esmorece

E está perdido a escorrer no espaço-tempo

Na braçada sobre o fecundo oceano que morre.

Revolta o lar dos que o ensinaram a navegar

Os que ensinaram os pássaros a voar.



Brilhantes os dorsos das baleias

Os dorsos dos barcos: Árvores sonhadoras

Mas tudo o mar consome

Quando a história é um sonho em que o homem não crê

E sonolento sobe aos cumes dos astros

Mergulha nos abismos subaquáticos

À espera da mão terna do sono

Com o conforto da sua história.

       
                  — Tomás Sottomayor

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