July 03, 2022

Filmes - Falling for Figaro


 

Este filme está listado como uma comédia romântica um bocadinho pirosa -nos comentários- mas não é isso que vejo nele, apesar de ter humor e romance também. É sobre uma jovem mulher americana, uma brilhante gestora de fundos que num ponto alto da sua carreira quando lhe dão uma promoção de peso, decide abandonar tudo para ser cantora de ópera porque adora ópera. Então, muda-se para uma aldeia nas Highlands da Escócia onde uma amiga lhe indicou uma ex-diva da ópera transformada em professora de canto, meio-reformada. E começa a ter lições para entrar num concurso importante que lhe dará acesso a uma carreira.

Millie, como se chama a rapariga, não tem família, nem contexto de nota. Fez-se a si mesma. Sabemos que se tornou uma gestora de fundos por precaução, para poder ter uma carreira com acesso a uma vida boa e confortável. Porém, assim que alcança o que desejava percebe que não quer passar a vida a fazer uma coisa que não lhe dá prazer nenhum, só dinheiro, tendo que renunciar àquela que é a sua verdadeira paixão: a ópera. E, sendo uma pessoa com muita auto-confiança, inteligência e já bastante dinheiro, resolve ir viver a sua paixão.

O mundo da ópera é um mundo muito snob e ela tem de vencer muitas resistências, nomeadamente o elitismo da professora, uma ex-diva falida que a aceita como aluna porque lhe cobra uma fortuna, mas ela está decidida a não desistir. O resto é a história do filme.

O que cativa no filme é ser uma história de redenção, uma história do valor vencer o hábito e a distância social. Uma rapariga americana, sem família nem connections fura o muro social com a sua inteligência e paixão. A competição dela na aldeia é o filho do dono do pub local que tem uma excelente voz de barítono e tem lições com a ex-diva há muito tempo, estando toda a aldeia a torcer para que ele vença o concurso e com ele essa barreira social do nascimento e possa fugir da pobreza local.

Quem faz de Millie é Danielle Macdonald, uma excelente actriz de quem gosto bastante e que sai fora do formato enlatado americano, desde logo porque veste o tamanho 16 (pelo menos) e, contrariamente ao que é costume nas mulheres grandes, não faz filmes sobre ser gorda - aquelas comédias brejeiras a que destinam estas actrizes. Quem faz de ex-diva é Joanna Lumley, uma atriz capaz de fazer comédia com subtileza e com um sotaque completamente snob.

O filme é amoroso: amor pela vida, amor pelo canto, amor pelas pessoas.

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