June 08, 2022

Fazer acordos com criminosos, de olhos bem abertos e chamar-lhe defesa do 'modus vivendi'




Como se pode chamar erro à invasão arbitrária de um país com intenção verbalizada de o fazer desaparecer e ao seu povo da face da Terra? Como pode defender que fazer acordos comerciais com Putin foi um 'incómodo' necessário para criar um 'modus vivendi', confessando que sabia desde há mais de uma década e meia das suas intenções criminosas?

Vejamos: chamamos aos ataques do 11 de Setembro um erro? Dizemos que aquilo foi um erro? Ou chamamos um crime e aos seus autores criminosos? E se soubéssemos com antecedência de muitos anos que os autores do crime o tinham já como obsessão, iríamos fazer acordos comerciais com eles com o argumento de não os irritar? E quando eles ensaiassem o crime com uma primeira bomba (como Putin fez com a invasão da Crimeia) depreciávamos a situação e faríamos um segundo acordo comercial com eles? E quando as suas adivinhadas futuras vítimas nos pedissem proteção negávamos para não afrontar os criminosos que sabíamos estar a preparar-se para os aniquilar e destruir a sociedade que, na sua mente, se interpunha entre eles e a sua conquista imperialista? Evidentemente que não e no caso de Putin estamos a falar de uma escala incomparavelmente maior do que os ataques do 11 de Setembro. 

Esta entrevista mostra que os líderes europeus têm sido muito piores do que suspeitava. Fizeram acordos com criminosos, de olhos bem abertos, sabendo das suas intenções, por interesses comerciais: a Alemanha queria a todo o custo energia barata, mão de obra barata e ser a cabeça da UE e fez-se de Fausto para o obter. Durão Barroso cometeu erros de juízo com a Rússia de Putin, mas Merkele, que influenciou a polícia europeia e não só, durante dezasseis anos, sacrificou a paz e a segurança de todos, de olhos bem abertos e com plena consciência do que estava a fazer, por interesses comerciais.

Merkele confessa aqui que sabia estar a alimentar as intenções criminosos de Putin e que ele estava cada vez pior, para depois, muito hipocritamente, concluir que os acordos comerciais de petróleo e gás aconteceram porque pensava que tinha de tentar-se tudo diplomaticamente... é isso: sabemos que estamos a pôr dinheiro nas mãos de um criminoso e sabemos das intenções criminosas dele mas continuamos a financiá-lo por... respeito diplomático. 

E no fim diz que tem muita confiança em Scholz. Depois desta entrevista, o seu patrocínio a Scholz é um péssimo prenúncio. Não há razão nenhuma para confiarmos na liderança alemã. Muito pelo contrário. 


Merkel tentou "um ‘modus vivendi’", mas sabia que Putin queria "destruir a Europa".


Para Merkel, o Kremlin cometeu um "erro catastrófico" com a invasão da Ucrânia, "um ataque brutal, que desrespeita o direito internacional e não tem desculpa". A ex-chanceler diz que era preciso tentar a via diplomática com Moscovo e afirma estar de consciência tranquila 

A ex-chanceler alemã Angela Merkel, criticada desde o início da invasão russa da Ucrânia devido à proximidade com Moscovo, garantiu esta terça-feira que não se recrimina, mas sublinhou que já sabia na altura que Putin “queria destruir a Europa”. Na sua primeira aparição pública desde que deixou o cargo há seis meses, a ex-governante explicou que, por exemplo, no verão de 2021, não conseguiu realizar uma iniciativa europeia para trazer o Presidente russo, Vladimir Putin, de volta à mesa das negociações.


No entanto, quando faz uma retrospetiva, Angela Merkel refere uma certa "tranquilidade" por saber que fez o possível para evitar a situação atual e que tem total confiança na gestão do seu sucessor, Olaf Scholz.

Sobre as acusações de que foi ingénua, ao acreditar que a Rússia poderia mudar através das relações comerciais com o Ocidente, Merkel realçou que nunca teve “ilusões”, mas que não poderia agir como se um país vizinho “não existisse”.

A ex-chanceler, que falava durante uma palestra em Berlim, organizada pela Editora Aufbau, sublinhou que já sabia na altura que Putin “queria destruir a Europa” mas que antes de entrar em conflito aberto era preciso "tentar tudo diplomaticamente". Merkel resumiu a sua política em relação ao Kremlin (presidência russa) com a tentativa de "encontrar um ‘modus vivendi’ [modo de viver] onde não se estivesse em guerra e tentasse coexistir apesar das diferenças”.

Para a antiga chefe do governo alemão, as sanções dos EUA à construção do gasoduto Nord Stream 2 causaram-lhe “incómodo”, considerando que era algo que se “fazia com um país como o Irão, mas não com um aliado", mas elogiou a iniciativa do Presidente Joe Biden para ‘enterrar’ a questão em 2021.

Angela Merkel também defendeu a decisão da cimeira de Bucareste, em 2008, de não conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à NATO, que na altura não era um país "democraticamente firme" e era "dominado por oligarcas". A política alemã acrescentou que, do ponto de vista de Putin, também teria sido uma "declaração de guerra" à qual ele teria reagido causando grandes danos a Kiev, de acordo com a sua política de intervir em países ao redor da Rússia que se tentavam virar para o Ocidente.

A democrata-cristã recordou ainda os seus encontros presenciais com Putin e lembrou que, numa reunião em 2007, em Sochi, o chefe de Estado russo garantiu-lhe que, para ele, a queda da União Soviética foi o pior evento do século XX, enquanto para ela, nascida na Alemanha Oriental, foi uma “sorte” que lhe concedeu “liberdade”. "Era claro que havia uma grande dissidência, que se agravava. Em todos estes anos não foi possível acabar com a Guerra Fria", atirou.

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