May 09, 2022

Partilhando- "Viajar é melhor com crianças pequenas"

 


Derek Shivers

2022-05-09

"Uma vez que se tenha um bebé, deixa de se poder viajar". Já ouvi isto tantas vezes, embora apenas de pessoas que ainda não o fizeram.

Porém, levei o meu bebé a nove países antes de ele ter um ano de idade. Depois outros dez países quando ele tinha oito anos de idade. Por isso posso dizer, por experiência própria, que não só é fácil como é óptimo.

Precisamos de partilhar isto com os novos pais. Demasiadas famílias novas estão enjauladas, stressadas, frustradas e aborrecidas nas suas casas, quando na realidade é a melhor altura para sair.

Viajar com um bebé ou criança pequena é a melhor forma de visitar um lugar novo, exótico e interessante. É ainda melhor do que viajar sozinho ou como casal. Eis a razão.

Eles ajudam-no a parar e a apreciar.

Quando o meu bebé tinha dez dias de idade, levei-o a um parque pela primeira vez, e ele viu a sua primeira árvore. Imaginei a experiência da sua perspectiva, como se nunca tivesse visto uma árvore antes. Tão complexa! Tão bela. Desde então, aprecio mais as árvores.

O mesmo acontece com os outros sentidos. Cheirar o pó. Tocar numa lagarta. Ouvir as aves.

Antes dele, estava muitas vezes com pressa, a tentar chegar a outro lugar. Os bebés ajudam-nos a parar e a prestar atenção. Quando se viaja, isto é o que se precisa. Menos pressa em chegar a um destino. Mais paragens para apreciar tudo o que está no meio.

Vê-se melhor através dos seus novos olhos.

Uma forma de ensinar o desenho realista é virar uma imagem de pernas para o ar antes de a desenhar. Isto ajuda-o a ver o que está realmente lá, em vez do que pensa que deveria estar lá. De cabeça para baixo, vêem-se apenas linhas e sombras. Desenhe-as, e obtém um resultado mais preciso. Isto treina-o a ver mais realidade do que suposição.

O mesmo com os sentidos do seu filho. Em vez de categorizar algo - como "árvore" - e de o ignorar, pode experenciá-lo através dos olhos dele para ver a maravilhosa complexidade do que está realmente lá. Sem nomes. Sem rótulos. O que nos leva ao ponto seguinte...

Sem preconceitos.

Índia, Paquistão, Israel, Brasil, Vietname, Nigéria, China, Rússia. Já tem ideias sobre estes lugares. Já ouviu pessoas dizerem coisas acerca eles, e isso afectou a sua percepção. Julgou-as antes sequer de lá ir.

Homens vestidos de monge ou de camuflados. Mulheres em burqas ou biquínis. Forma dos olhos. Cor da pele. É difícil ver para além dos seus pré-juízos.

O seu filho não tem preconceitos. Esta é a minha parte favorita. Frequentemente vou a lugares contra os quais sou preconceituoso. Vê-los através da percepção imparcial do meu filho e interagir com as pessoas como tal, ajuda-me a conectar-me, o que depois me ajuda a ultrapassar as minhas velhas opiniões.

Quem me dera poder levá-lo comigo para todo o lado, como uns óculos.

Nada (tudo) é esquisito.

Quando vou a algum lugar como o Japão, Peru, ou Zanzibar, tudo parece exótico. Estranho. Super-diferente. Esquisito.

Sentimos a nossa casa como normal e certa porque passamos lá muitos anos. Depois, quando se vai a um lugar muito diferente, sentimo-lo exótico e até errado. Pensamos na sua casa como "normal" e no novo lugar como "esquisito". Mantemo-se à distância. Pensa-se "eles" e não "nós".

Mas para o seu filho, tudo é novo de qualquer forma. Tudo é igualmente estranho, por isso nada é estranho. Isto ajuda-nos a vêr o local como apenas uma maneira diferente de fazer as coisas. Não como esquisito. Nem errado. Isto ajuda a encurtar as diferenças e a senti-los como "nós" e não "eles".

Os aeroportos são mais divertidos.

Especialmente para crianças, os aeroportos não são apenas uma forma de chegar a outro lugar, mas o seu próprio destino. São óptimos pontos de observação de pessoas. Tantos sons. Tantas outras crianças com quem brincar, enquanto se espera. Aprende-se a chegar ao aeroporto ultra-cedo para deixar tempo para tudo isto.

Recebe-se um tratamento preferencial quando se voa. Embarque prioritário. Assistentes de bordo extra-amigáveis.

E até o meu filho ter três anos de idade, a única vez que o deixámos ver um ecrã foi num avião, de maneira que ficava completamente mesmerizado enquanto voava.

Os produtos para bebés estão por todo o lado.

Quando se vai a algum lugar exótico, é normal preocuparmo-nos que eles possam não ter algo de que se precise - como uma peça especial para o equipamento electrónico. Mas os bebés estão em todo o lado. Em todo o lado há fraldas e comida para bebés. Fazer a mala é fácil.

As crianças não se impressionam com o impressionante.

Isto levou-me muito tempo a aprender. Eu viajava durante horas para levar o meu filho a um lugar realmente impressionante - alguma estrutura ou uma vista superlativas. Uma vez lá, ele ficava entusiasmado com a mais pequena coisa. "Oooh! olha! Uma lagarta"! Nunca ficou impressionado com o que era suposto ser impressionante.

Conduzia horas para o levar a um famoso monumento, mas nunca conseguíamos passar a entrada porque ele ficava fascinado com um tronco qualquer morto e cheio de insectos. Brincávamos com esse tronco durante horas até ser altura de partir.

Resultado final? Eles têm razão! "Impressionante" é para adultos. "Impressionante" é muitas vezes satisfazer uma bucket list e pode fazer-nos esquecer o que é realmente divertido. As crianças ajudam-no a manter isto em perspectiva.

Os bebés trazem ao de cima o melhor das pessoas.

Toda a gente adora bebés. É como viajar com um cachorrinho. Toda a gente se derrete. Toda a gente pára para interagir. Ter um bebé ajuda-o a conectar-se com as pessoas.

Encontrei-me com um amigo em Chiang Mai, na Tailândia. Ele viveu lá durante dez anos. Andámos pela cidade durante uma tarde com o meu filho. Tantas pessoas pararam para interagir com o meu bebé, fazer-lhe caras e para perguntar de onde éramos. Depois, o meu amigo disse que mais pessoas pararam para falar connosco naquela tarde, do que nos dez anos que ali viveu. .

Portanto, sim. Dissipe o mito. Espalhe a palavra. Viajar com bebés ou crianças pequenas é o melhor.



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