May 14, 2022

Educação - como livrar-nos de inspectores independentes?



Prejudicar-lhes a carreira e cortar-lhes 400 euros no salário. De facto, quando nos pomos na mentalidade do ministro, para quê termos inspectores independentes, recrutados por concurso público? Ainda iam para as escolas ver o que está mal e ouvir as queixas dos professores e levá-las a sério... ora, temos um arranjinho tão bom onde tudo o que vai parar à inspecção morre naturalmente no segredo dos deuses... para quê estragar esta opacidade que tanto nos serve? 

Por exemplo, há aí um relatório do BdP a dizer que em Portugal os alunos mais desfavorecidos economicamente têm mais dificuldade em acabar o secundário e tirar um curso universitário. Vamos melhorar economicamente o país? Claro que não, pois o país está capturado pelo PS e seus amigos. Solução: obrigar os professores a passar todos os alunos, primeiro nas escolas e depois nas universidades, mesmo que nem sequer tenham ido um dia às aulas. Para quê complicar? Se o que dá nas vistas é não conseguirem tirar um curso, vamos fabricar as passagens que é muito mais fácil do que trabalhar para a justiça social.

Este ano uma professora contou-me que uma aluna que tem e falta desde o início do ano, sem estar doente ou outra justificação válida, apareceu na primeira aula do terceiro período, entrou e sentou-se como se nada fosse, sem nenhuma explicação, de maneira que ela perguntou-lhe se tinha sido da Páscoa, se tinha ressuscitado ao 3º dia? A mãe foi à escola fazer queixa da professora com o argumento de que a professora não tem que comentar a ausência dos alunos... esta é a escola deste ministro, ex-SE: é tudo a fingir, tudo opaco, tudo para a mentira dos números de sucesso, os professores são amanuenses dos ministros por intermédio dos directores. Logo, para quê inspectores independentes em vez de ex-directores obedientes de sacristia? 


Inspetores da Educação abandonam cargos após cortes de 400 euros nos salários

Após processo de recrutamento que durou três anos, 15 dos 20 contratados vão deixar a Inspeção-Geral da Educação. Perda chega a superar os 400 euros.

Quinze dos 20 inspetores da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) admitidos no ano passado em período experimental, após um concurso público de recrutamento que se prolongou por mais de três anos, já comunicaram ao inspetor-geral que não aceitarão a nomeação definitiva. Descontentes com os cortes salariais que chegam a superar os 400 euros, vão sair da IGEC em junho e voltarão às escolas de origem.

"Tragicamente, a esmagadora maioria regressará à carreira docente, se nada mudar nas condições em que trabalham: a perda salarial mensal média é de 463,29 euros [ilíquidos], agravada pela progressão na carreira inspetiva mais desfavorável", alerta o Sindicato dos Inspetores da Educação e do Ensino, presidido por Bercina Calçada. Enquanto um docente pode atingir uma remuneração equivalente ao topo da carreira em 34 anos, na IGEC tal só é possível ao fim de 100 anos, desde que tenham "bom" na avaliação de desempenho. Um dos inspetores confidencia que se sente "frustrado e defraudado", porque tirou um mestrado e desempenhou cargos diretivos em escolas para poder ser admitido na IGEC, onde sempre sonhou trabalhar. Desde então, está a receber menos 300 euros líquidos. "Como sou do quadro e afeto ao Ministério da Educação, achei que, pelo menos, ia ter a mesma remuneração."

2 comments:

  1. Queriam " mandar" nos outros e saiu-lhes o tiro pela culatra!

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  2. epá... mas quer dizer, a inspecção actualmente é aquilo que se sabe. Andam dois anos a gastar dinheiro para escolher novos inspetores e depois fazem de propósito para que recusem o cargo? Não achas estranho?

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