A opinião desta articulista que é professora na Universidade do Minho é que os professores devem ir saber o que andam a fazer, fora das escolas, os alunos que não prestam atenção às aulas; depois, criar ocupação terapêutica para eles, nas escolas, para impedi-los de serem criminosos... isto é um despropósito completo. Os professores não são assistentes sociais, nem terapeutas ocupacionais.
Estas opiniões dizem muito das malfeitorias que se fazem nas escolas porque explicam o conceito errado e pernicioso que os professores universitários têm das escolas e do trabalho dos professores e que espalham como verdades, para que depois ministros da educação como este que infelizmente lá está, inventarem parvoíces com grelhas de preenchimento que não resolvem nada.
Quem tem que saber o que os filhos andam a fazer fora das horas das aulas são os pais. Os pais são os responsáveis legais pelos comportamentos dos filhos não os professores. Os alunos que andam alheados das escolas estão devidamente identificados e os pais são avisados logo desde o início do ano. A maioria não quer saber. Nem vão à escola, nem sequer atendem os telefones quando vêem que é da escola. Se a turma não tem problemas acham que não é preciso ir e não vão. Se o filho dá problemas não vão na esperança que os professores tomem conta deles. Hoje em dia muitos vão à escola só para fazer queixa de professores baseados no que os filhos (de quem nada sabem como alunos porque não vão saber) dizem. Agora então que enviamos muitas informações por email, desde a pandemia, nem sequer aparecem nas reuniões de pais.
As escolas não são centros de reeducação de comportamentos desviantes, as aulas não são terapia de grupo e os professores não são assistentes sociais ou psicólogos, apesar do ministro da educação achar que é tudo igual. Aliás, é em parte, porque os ministros da educação e os professores universitários têm estas opiniões e as veiculam todos os dias nos jornais que os encarregados de educação se demitem do seu papel.
Aqui há uns poucos anos uma mãe que pediu um privilégio para a filha que recusei porque tinha mais 29 alunos na turma, disse-me que, enquanto directora de turma, eu tinha de defender a filha dela (a minha criança, foram as suas palavras, acerca de uma adolescente de 17 anos) como se fosse minha filha. E quando lhe respondi que a filha dela era uma aluna no meio de 30, que não era uma criança e que tinha de levar em conta os outros alunos ela respondeu que não queria saber dos outros, só da filha e que eu devia na escola ser uma mãe para a filha. E não adiantou explicar que os deveres de mãe eram dela e não meus.
Quando os jornais veiculam a ideia de que os adolescentes são um dever exclusivo dos professores ao ponto de caber às escolas evitar que os filhos dos outros venham a ser criminosos, não admira que os pais usem esse argumento para se desresponsabilizarem.
Os alunos não são nossos filhos nem são nossos doentes, nem nossos clientes. A relação entre professor aluno é uma relação formal, de trabalho. Embora enquadrada por uma pedagogia apropriada às idades em questão, as escolas são locais onde se ensina e onde se aprendem conhecimentos, metodologias e técnicas. Comportamentos e atitudes educadas devem eles trazê-los de casa. Nós regulamos, porque as escolas têm regras, mas as escolas não são centros maternais. A educação pedagógica escolar não é uma educação parental.
Deixem de fazer sugestões para a escola vos substituir enquanto pais só porque não estão para educar os vossos filhos e os deixam, conscientemente, dia e noite, agarrados aos telemóveis, PSPs e PCs e não se interessam por saber o que andam a fazer.
Felisbela Lopes
Incondicionalmente de acordo!
ReplyDeleteBom dia. Estou de saída para o trabalho de professora e não de mamã dos alunos. 🙂
ReplyDeleteQue sorte!
ReplyDeleteSorte porquê? Não percebi.
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