May 04, 2022

A Igreja Católica igual a si mesma...

 


A Igreja devia ter uma posição moral sobre o assunto e não uma posição de estratégia política. O Papa vir dizer que Putin tem razão em atacar um país porque o país tem um comportamento que lhe desagrada? Pois, percebe-se no contexto da história da Igreja Católica que sempre valorizou a obediência servil, acima de tudo: acima da consciência, dos direitos fundamentais das pessoas; sempre valorizou a obediência a líderes não democráticos, apesar da Igreja ser a comunidade de todos os cristãos sem diferença e não a comunidade de uma cúpula. Essa Igreja que sempre teve alergia a processos democráticos e às pessoas terem direito à liberdade de escolher o seu próprio destino, 'compreendemos' que 'compreenda' a urgência de Putin em fazer guerra aqueles que lhe recusam essa obediência servil.


Papa sugere que NATO pode ter tido responsabilidade na invasão da Ucrânia

O sumo pontífice disse ainda que se ofereceu para ir a Moscovo falar com Putin, mas o Kremlin não respondeu. E diz estar pessimista, afirmando que "não há vontade de paz suficiente"

5 comments:

  1. Sou católico e sei que o Papa só é infalível em questões de fé. Logo, pode ter assumido uma posição com a qual não concordo. Fui ler a entrevista; o meu italiano não é muito bem, mas não encontrei nada que diga que o Papa entende que Putin pode atacar um país estrangeiro porque não sei o quê. Onde leu isso, na entrevista em italiano? Não me parece correcto ler a entrevista, como eu li, salientar essa linha e esquecer tudo o resto que o Papa diz relativamente à paz ou ao que queria fazer. Tudo o que ele diz que faz ou gostaria de fazer é pela paz, não assume uma posição que desculpa uma das partes. Estou enganado?

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    1. O Papa diz que a Ucrânia "estava a ladrar às suas portas" [da Rússia] e que isso pode ter levado Putin a agredi-la. Ora isso parece-me uma desculpabilização da agressão ou no mínimo uma racionalização da agressão.

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    2. Este blog é seu e não seria delicado da minha parte estar a polemizar consigo, até porque sou visitante assíduo e quero continuar a ser. A frase do "ladrar" é esta: "l’abbaiare della Nato alla porta della Russia". Fala da NATO, não da Ucrânia. E ao longo da entrevista menciona muitas outras coisas, nomeadamente a de que o Papa fala a linguagem de Cristo, não dos políticos. Não me parece, por isso, que haja nas palavras dele uma estratégia política.
      A sua animosidade pela Igreja Católica é óbvia (há muitos meses comentei um post seu sobre um assunto da Igreja) e só me compete respeitar. Espero que perceba que também me compete defender aquilo que me parece defensável neste ponto específico, e não no resto do seu post. Obrigado pela delicadeza da publicação.

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  3. Penso que é óbvio que ao dizer 'o ladrar da NATO' se refere à suposta adesão da Ucrânia à NATO e essa referência nesta situação em que um país agride outro fornece um contexto de racionalização do ataque de Putin. Ora o que me parece é que um ataque de um país a outro nunca é desculpável do ponto de vista moral e esse devia ser, a meu ver, o posicionamento do Papa quando fala em nome da Igreja.
    Sim, é verdade que tenho uma enorme falta de respeito pelas Igrejas em geral (não pela crença num Deus -não sou ateia, sou agnóstica), mas dada a enorme falta de respeito que têm pelas mulheres em geral (e não só) e pela hipocrisia das suas posições em relação a muitos assuntos.
    Não me importo de polemizar se chama a isso discutir ideias e questões e não me causa nenhum incómodo que outros pensem de maneira muito diferente de mim. Acho normal haver diversidade de pontos de vista.

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