Continua a ser urgente a mudança da lei eleitoral, mas cada vez mais é uma miragem com governos Pompadour. Há sítios onde mais de metade dos votos não contaram. Todos os anos centenas de milhar de votos não contam. Como é que se quer levar as pessoas a votar mais, nestas condições em que votamos mas não podemos escolher entre os 20 candidatos do boletim de voto porque só dois deles contam na hora da contagem dos votos?
Mais de 671 mil votos dos portugueses foram “para o lixo” nestas legislativas. Foi um em cada sete
Uma em cada sete votos “não contou” nas legislativas, avança o politólogo Luís Humberto Teixeira ao Expresso. O mais castigado foi o Bloco de Esquerda, que recebeu 112.417 votos ‘inúteis’. No círculo eleitoral de Portalegre, por exemplo, “a opinião de mais de metade dos eleitores foi ignorada”
Como é habitual, sublinha, são os partidos médios os mais castigados, enquanto os grandes – o PS e o PSD – sofrem pouco ou nada. Nestas legislativas, o partido mais prejudicado em número de votos não convertidos em mandatos, em termos absolutos, foi mesmo o Bloco de Esquerda (112.417), que BE passou de terceira força política para quinta, conseguindo eleger apenas cinco deputados. Curiosamente, o segundo partido com mais votos ‘inúteis’ nestas eleições foi o Chega (95.512) – que ainda assim conseguiu um bom resultado face a 2019 – seguido da CDU composta por PCP e PEV (88.401) e só depois pelo CDS (86.578) e Iniciativa Liberal (81.068). Recorde-se que o CDS, apesar de ter recebido mais votos do que o PAN e o Livre, perdeu a representação parlamentar ao fim de 47 anos, porque não conseguiu eleger nenhum deputado.
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