Quem me lê sabe que tenho um adenocarcinoma do pulmão. Não é uma doença cujos exames ou tratamentos possam ser adiados. Ademais é uma doença que provoca um grande número de doenças associadas devido ao sistema imunitário ficar enfraquecido dos tratamentos e o nosso corpo passar a ser um petisco para tudo quanto é vírus ou bactéria oportunista. Por essa razão, em 2020, durante o confinamento, fiz uma endoscopia com sedação total, uma TAC com contraste, uma ressonância magnética ao ombro, uma infiltração e várias análises ao sangue. Fiz tudo em hospitais privados. Na realidade, pelo que lemos nos jornais, o SNS é que não estava preparado para responder a doentes não-covid e deixou milhares de doentes oncológicos por rastrear e por tratar.
Quanto ao serviço de hotelaria, como lhe chama, quem tem de frequentar hospitais e fazer tratamentos difíceis, que cobram muito do ponto de vista psicológico -há situações de ansiedade brutal nos tratamentos e exames oncológicos, por exemplo- sabe muito bem a importância de não estar num contentor, ter alguma comodidade, ter privacidade e dignidade. Ter silêncio. E não é verdade que só no SNS é que há bons médicos. Há muitos bons médicos, médicos de referência, num e noutro serviço.
Não é necessário pôr as coisas em termos de anjos e demónios. Na educação demonizam a escola pública e na saúde demonizam os privados. Assim não vamos lá.
Quem não gosta do SNS?
Quem não gosta do SNS?
O meu Pai, que era médico, sempre me ensinou que o hospital não se escolhe pela qualidade da hotelaria, mas sim pela qualidade dos serviços de saúde, e eu aprendi a lição. Sou utente do SNS que já me salvou a vida uma vez.
Não tenho nada contra os serviços de saúde privados, que também utilizo algumas vezes. Mas nunca esquecerei o que se passou em março de 2020, quando começou a pandemia. Eu tinha marcada uma mamografia num centro privado de imagiologia. Fui avisada que iam fechar e assim se mantiveram nos dois meses seguintes. Por acaso era um exame de rotina. E se não fosse? Se se tratasse de uma suspeita de uma situação mais grave, o que faria eu? Só me restaria recorrer ao serviço público. Ninguém estava preparado para responder aos desafios de uma pandemia inesperada, mas o serviço público arranjou maneira de se manter aberto.
Não tenho nada contra os serviços de saúde privados, que também utilizo algumas vezes. Mas nunca esquecerei o que se passou em março de 2020, quando começou a pandemia. Eu tinha marcada uma mamografia num centro privado de imagiologia. Fui avisada que iam fechar e assim se mantiveram nos dois meses seguintes. Por acaso era um exame de rotina. E se não fosse? Se se tratasse de uma suspeita de uma situação mais grave, o que faria eu? Só me restaria recorrer ao serviço público. Ninguém estava preparado para responder aos desafios de uma pandemia inesperada, mas o serviço público arranjou maneira de se manter aberto.
No comments:
Post a Comment