Recentemente dois casos chamaram-me a atenção. O primeiro através de J.K. Rowling. Na Escócia, um homem acusado de violar uma mulher pediu ao chefe da polícia que o registasse como uma mulher, porque, disse, sentia-se uma mulher. O chefe da polícia disse que sim, provavelmente com receio de ter os problemas que J.K. Rowling teve -críticas e ofensas virulentas- quando comentou publicamente o absurdo, declarando: " A Guerra é Paz. A Liberdade é Escravidão. O indivíduo com orgãos sexuais masculinos que te violou é uma mulher".
Levando o caso à sua conclusão extrema, este violador, biologica e sexualmente masculino, que diz sentir-se mulher e todos os outros que resolverem seguir o seu exemplo, podem, na sequência, pedir para serem transferidos para prisões de mulheres.
Outro caso que gerou críticas virulentas foi o da antiga nadadora e funcionária da seleção norte-americana, há décadas, Cynthia Millen, por dizer que Lia Thomas, uma nadadora «trans», sexualmente masculina de nascença, da Universidade da Pensilvânia, está a "destruir" o desporto. Thomas competia pela equipa masculina antes de declarar-se mulher e passar para a equipa feminina. Passou a ganhar as provas todas e bate recordes femininos a torto e a direito. "A natação é um desporto em que corpos biológicos competem contra corpos e não, identidades contra identidades", disse Millen. A Associação Nacional de Desporto das Universidades diz que a terapia hormonal anula o facto de Lia ser biologicamente um homem, coisa que Millen e outras mulheres não aceitam como provado e muito menos evidente.
Levando o caso à sua conclusão extrema, todos os homens que não ganham competições no seu género masculino, podem declarar-se mulheres, tomar hormonas, passar-se para as equipas femininas e acabar no hall of fame do desporto feminino.
Digo já que não tenho nenhum problema em que as pessoas se sintam mulheres ou homens ou outra coisa qualquer, como o indivíduo que fez cirurgias para parecer um felino porque sente-se um felino. Se um João me disser que se sente Maria não tenho problema em passar a chamar-lhe Maria e tratá-lo como tal. Porém, tenho problemas com a injustiça no domínio da ética e com o absurdo no domínio da racionalidade. Platão argumentava que quando há dificuldade em decidir de um assunto deve usar-se como critério levar o argumento até ao extremo e ver se resulta em absurdo inaceitável. Sendo esse o caso, deve abandonar-se.
Ora, estes casos e outros semelhantes desembocam em evidentes absurdos. Sabendo-se que os homens são biologicamente diferentes das mulheres, como é que num hospital se pode tratar um doente se não se souber categorizá-lo? Trata-se, em vez disso, a sua identidade? Imagine-se um pedófilo que diz identificar-se com a categoria de adolescente ou de criança, reivindicar ser incluído nos espaços, jogos e brincadeiras das crianças. Absurdo? Pois é, mas trata-se apenas de levar o argumento até ao seu limite. Imagine-se levar uma turma em visita de estudo e pôr «rapazes trans» a dormir nos quartos das «raparigas biológicas» e acontecer haver uma violação. Absurdo? Pois é, mas trata-se apenas de levar o argumento até ao seu limite.
A questão, pois, é essa mesma: qual é o limite?
(publicado também no blog delito de opinião)
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