Este filme é uma comédia negra. O melhor do filme é conseguir mostrar, como se não o soubéssemos e o estivéssemos a perceber pela primeira vez, o absurdo da vida actual onde a futilidade das redes sociais prevalece sobre a realidade, onde tudo é entretenimento e negócio, onde os lugares mais poderosos do mundo são ocupados por sociopatas, onde as instituições científicas têm à sua frente, não cientistas, mas actores políticos, onde os presidentes das grandes multinacionais se vêem a si mesmos como criativos e génios, onde se usa a estatística, não como um instrumento mas como um fim em si mesmo, onde ninguém quer aceitar a dor que vem com a realidade da vida. Numa das cenas, um bilionário mostra a última novidade tech: uma aplicação que mede o nível químico-hormonal da pessoa para decidir se está emocionalmente triste ou deprimida e projectar-lhe no telemóvel imagens de cachorrinhos e cenas afins. Portanto, ninguém ouve ou quer saber da ciência aborrecida e chata dos dados, das evidências, dos cálculos e da revisão de pares - daí o nome do filme, "Não olhes para cima" o que no filme significa, não olhes a realidade. Consequentemente, o filme, que retrata a realidade em que vivemos, acaba em catástrofe, embora com um twist cómico-sarcástico. Está recheado de bons actores. O filme é um espelho virado para nós mesmos e para a nossa cultura, como diz o actor principal.
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