Leio por aí um grande escândalo com a frase de Rui Rio, 'sou católico, mas não sou crente'. A frase é idiota, no sentido de contraditória nos termos, embora, quando a ouvi, interpretei como, 'sou católico de educação, mas não sou crente', o que quer dizer que foi baptizado e se calhar fez outros rituais mas não é crente. Eu também não sou crente, mas tive uma educação católica - que preferia não ter tido, mas não me incomoda, não a repudio, não foi uma coisa horrível que me traumatizou ou assim.
É claro que uma frase daquelas, dita num debate twitter, onde não há tempo para explicar as coisas, cai mal e fá-lo fazer má figura. Porém, em parte compreende-se pela sua falta de hábito e treino em debates televisivos, coisa que a maior parte dos outros tem sobejamente. Mas não é uma gafe grave.
Grave, para mim, foi ele dizer que em vez do salário mínimo é necessário subir todos os salário e, nomeadamente, o salário médio, pois é essa a principal causa da emigração (concordo) mas depois não ter sido capaz de dizer como o faria, a não ser dizendo generalidades: exportar, robustecer a economia.. epá, isso eu também sei dizer, mas não basta para governar o país.
Grave, para mim, foi ele dizer que não ia mexer nas pensões nem abri-las à iniciativa privada porque isso seria metê-las na bolsa e correr o risco de perder o dinheiro, mas logo a seguir admitir fazer isso mesmo a uma parte do dinheiro das pensões! Essa contradição, não a explicou e pôs-me com muitas dúvidas sobre se ele sabe o que vai fazer e os riscos que está disposto a correr com o nosso dinheiro.
Grave, para mim, foi ele dizer que o SNS está mal gerido -é uma evidência- mas depois não dizer uma palavra acerca de como vai corrigir a situação e só falar em PPPs.
Grave, para mim, é estarmos a 3 semanas das eleições e ainda não terem programa! Então, não têm vindo a pensar o que fazer? Como corrigir situações? Como resolver os problemas do país? Não tem já estratégias para começar a governar, se for governo? Não tem pessoas competentes pensadas?
Isso é que me pareceu uma grande gafe, não a cena da pena de morte que exploram demagogicamente até ao ridículo.
Costa, já sabemos que não é capaz de resolver os problemas do país porque não consegue resistir ao amiguismo e ao encosto nas doçura do poder e as coisas chegaram a um ponto de abusos e inacção insuportável que não pode continuar. Teve seis anos para o fazer e os serviços públicos estão como sabemos, os jovens fogem daqui (eu sei que isso começou com o PPC, mas Costa foi para lá para corrigir a situação e ela piorou) sendo que a pandemia não explica tudo, porque a decisão de fazer um governo gigante com incompetentes e amigos e filhos de amigos, que não estiveram à altura da situação, foi dele!
Dito isto, gostávamos de saber que a oposição e, neste caso, o maior partido da oposição, não está às cegas. Pois senão, em quem vamos votar? No BE, para viabilizar outro governo PS? No miúdo do CDS, um partido que está no meio de um ataque de pânico e perdeu a maioria dos elementos com mais experiência e capacidade?
Estas são as coisas que me preocupam, não ele dizer que é católico, mas não crente.
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