December 14, 2021

O problema da estatística na avaliação de alunos

 


Para poderem vomitar dados estatísticos sobre minudências que em nada ajudam a melhorar as escolas, obrigam os professores a introduzir dados, desdobrados quase até ao número de vírgulas que o aluno distribuiu pelo teste e à cotação atribuída a cada uma dessas vírgulas na classificação final. 

O problema da avaliação de alunos orientada para a produção de folhas estatísticas é que interfere, altera e desvirtua a avaliação pedagógica dos alunos.

Quando tudo se torna um procedimento, o cumprimento do procedimento torna-se o trabalho.

Para que serve a avaliação dos alunos? Serve para, tanto eles como o professor saberem em que ponto estão na sua progressão face aos objectivos propostos.

Um professor corrige o teste daquele aluno a pensar no aluno enquanto pessoa global: a progressão externa, visível na folha de teste e a interna - cognitiva, emocional, de técnicas e competências-  relativamente às avaliações e desempenho anteriores; a adequação das respostas ao trabalho que o aluno faz nas aulas; a progressão na apreensão dos conceitos, o acréscimo de maturidade na solução dos problemas, na linguagem, na sua objectividade, no pensamento discursivo, na capacidade relacional de conceitos, etc. Assinala no próprio teste os erros, de modo a que o aluno entenda o que deve corrigir, bem como os melhoramentos que notou, para que o aluno entenda onde efectivamente progrediu. E no fim da correção anota de uma maneira parcimoniosa o que ele mesmo precisa de fazer ou mudar relativamente aquele aluno, os acertos que tem de fazer em si mesmo para corrigir ou reordenar ou reforçar ou o que quer que seja necessário para melhorar o aluno nas suas várias dimensões, necessárias para atingir os objectivos e, se possível, o seu potencial. 

Muito deste trabalho é interno e não traduzível em dados estatísticos, mas é fundamental.

Este tipo de avaliação-classificação de trabalhos e testes dos alunos não se coaduna com o fanatismo das grelhas minuciosas onde a atenção do professor está toda na discriminação de todos os elementos 'grelháveis'.


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