Hoje estava na sala de profs à conversa com três colegas de artes. Estávamos a comentar a ausência de uma política de valorização do património artístico contemporâneo que temos. Os espanhóis, por exemplo, valorizam imenso o seu património. Nós, em comparação, temos pouca coisa, mas o que temos é bom, só que está 'escondido', quer dizer, em sítios onde só duas ou três pessoas sabem. O museu Berardo é muito desprezado. No entanto, tem muitas peças que aparecem regularmente em todos os grandes livros e artigos internacionais sobre o género. Depois, há uma pequena galeria que tem um desenho de Cocteau, um pequeno museu que tem um Dali, outro que tem três Picassos, etc. Há muita coisa dispersa que devia ser reunida num grande museu de arte do século XX e contemporânea para que pudesse ser apreciada, pois estando as obras dispersas por 500 sítios, acabam por 'perder-se' e nem ser apreciadas. Por exemplo, podia acabar-se a ala do palácio da Ajuda e fazer lá um museu em continuidade. Os outros países valorizam tudo. Por exemplo, vamos a Paris ao museu Picasso e a certa altura já não se aguenta, tanta pintura a metro. Ao contrário dos poetas que deitam fora os esboços dos poemas e só publicam a obra final, os pintores guardam as obras preparatórias todas, que no caso de Picasso são, sei lá... 5.500 que depois põem num museu. Nós não valorizamos nada porque não temos uma política cultural porque os governantes não querem saber da valorização cultural. Não temos muito e o que temos anda escondido, disperso, não-visto, não-apreciado. Vêm muitos turistas ao país que têm uma cultura de museus e iriam ver essas coisas.
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No Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros há vestígios fenícios, romanos, islâmicos, medievais, pré e pós-pombalinos. Classificado como Monumento Nacional desde 2015, reabre ao público com uma nova museologia que ajuda a contar 2500 anos de Lisboa.
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