November 10, 2021

O que há de negativo em os pais quererem ditar o que a escola ensina?

 


Ontem uma colega contou-me que uma directora de turma recebeu um email de uma mãe a informar que não concordava com uma frase -que citou- de um manual de uma disciplina do filho. Calculo que na sequência desta não aceitação essa mãe não aceite que o filho seja questionado sobre aquele assunto da frase em questão ou que sendo, não seja avaliado negativamente por discordar da frase. 

É claro que isto não é a mesma coisa que uma disciplina que tenta inculcar a aceitação da normalidade de muitas coisas que muitos pais não acham normal, mas a verdade é que os pais de Famalicão já têm seguidores.


2 comments:

  1. O problema da Cidadania - além da forma como é abordada e dos seus resultados / consequências - passa por ser uma forma de doutrinação, neste caso de Esquerda. Qualquer pessoa que discorde do discurso oficial é logo apelidada de negacionista ou coisas piores. Por exemplo, eu não consigo lidar com a questão do aborto. Percebo perfeitamente o que a ciência diz, mas não concebo que se interrompa aquilo que, em certo momento, já é vida para mim. Mas aceito a lei s jamais me ocorreu perseguir ou o que for do género uma mulher que tenha abortado. Há dias manifestei este meu ponto de vista num meio supostamente académico que é a minha escola. Apreciei imenso a tolerância de que fui alvo e concluí a acusação que o tribunal me dirigiu dizendo-lhe, com algum paternalismo à mistura, que sou bem mais tolerante com quem o defende e o pratica do que os juízes daquele tribunal foram com a minha posição.

    Vamos a outro exemplo: se amanhã o Chegar governasse, iríamos ter uma Cidadania diferente. Aí já seria válido contestar ou também teria de se obedecer ao estatuído? Sempre pensei que a liberdade crítica e de pensamento seriam um dos pilares da Educação.

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  2. A disciplina de cidadania aborda temas, na maioria, inócuos mas que já são tratados em outras disciplinas por professores da área respectiva, o que garante outra qualidade de abordagem dos temas, de modo que aquilo é uma perda de tempo e um excesso de abordagens simplistas. Depois há aqueles temas da sexualidade ou da eutanásia em que os pais discordam que se aborde, nomeadamente se são religiosos. Nesses, no dia em que o governo mudar para a direita e revolver dar a cidadania da perspectiva da direita, os da esquerda hão-de queixar-se como fazem agora esses de Famalicão e outros parecidos.

    Os grupos anti-aborto de defesa da vida, na realidade não defendem a vida, mas o nascimento, pois as mulheres também são e têm uma vida e o que esses argumentos têm implícito é que as mulheres têm obrigação de sacrificar a sua vida, o seu futuro, os seus planos por um feto, desde o momento em que há um cluster de células fecundadas.

    Não há igualdade de género enquanto as mulheres não puderem decidir das suas relações e do seu corpo. As mulheres não são uma caixa incubadora reprodutora. Uma gravidez não é uma espécie de um implante inconsequente que uma mulher tem ali alojado no corpo enquanto faz a sua vida e que depois sai. Uma gravidez modifica a pessoa fisicamente (não estou a falar da aparência exterior, embora também isso aconteça, mas dos orgãos internos e das sequelas que deixa) e psicologicamente.
    Não apenas nos meses de gravidez, mas para o resto da vida, pois criam-se relações de vinculação para toda a vida e, durante os primeiros anos de maternidade uma pessoa tem a sua vida toda canalizada para o bem estar e desenvolvimento da criança.

    Ora, isso é algo que fazemos quando queremos um filho, mesmo não planeado, mas não é o tipo de vida e vivência que se possa impôr a alguém: queres ter uma vida sexual, arriscas-te a ter uma célula fecundada e agora vais sacrificar o resto da tua vida. E não falo na quase totalidade dos casos que consistem em os homens engravidarem mulheres contra a vontade delas e depois mandarem que sejam elas a desistir da sua vida para terem os filhos deles, que eles depois não criam, porque esperam que sejam elas a fazer esse trabalho.

    Por conseguinte, quem diz que é contra o aborto porque defende a vida, na verdade o que defende é que todo o conjunto de células fecundadas seja mais importante e prioritário que a vida das mulheres, que não são um potencial de vida, mas já têm uma existência. Agora ficas prisioneira e vamos obrigar-te a desistir da tua vida, para que essa célula fecundada possa vir a nascer como um bebé.

    Se os homens engravidassem esta era uma não-questão.
    Dizer que somos a favor da igualdade de género, mas depois defender que as mulheres devem ser reféns de fetos, mesmo que ainda pouco mais sejam que conjuntos de células sem sistema nervoso e não sencientes,é a maior das hipocrisias - e para ter igualdade de género temos que perceber que as mulheres têm que ter autonomia sobre a sua pessoa, a sua vida e o seu corpo.

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