November 05, 2021

Acima de tudo, isto é triste




A notícia está escrita de maneira incongruente: a mulher era secretária e depois mudou-se para a Quinta Patiño -falta aqui qualquer coisa; fugiu de jacto com um fato Armani... um fato Armani não é uma coisa invulgar de grande luxo que se meta no mesmo saco de ter um jacto privado... mas enfim, uma pessoa lê a notícia (a parte que temos acesso sem pagar) e a impressão que fica é de miséria moral. 
Se não fosse o facto de serem criminosos e estarmos nós a pagar os seus crimes económicos, olhávamos para este casal com espanto e... sei lá, isto é de uma tristeza miserável. 
Quer dizer, a mulher está nos 70 anos e arrisca-se a ir para a cadeia por roubo de obras de arte e não indo, a ficar meio na miséria. A ter que vender a casa para devolver o dinheiro todo para pagar os roubos dela e dele; o marido, que é da idade dela, está sozinho na África do Sul. Se a justiça quiser congela-lhe os bens que tem em offshores e depois vive...? Remediado numa vida de exílio num país em guerras constantes e cheio de problemas, longe da mulher com quem partilhou uma vida. E para quê?? Para aparecer nas revistas das Caras em Porsches? Para dar umas festas? Para dizer que tem uma piscina em casa? Para ir até ao Mónaco ou à Jamaica de avião privado mostrar o dinheiro? Para ostentar? Para fazer inveja? Para se sentir superior? Que raio de objectivos de vida tão miserabilistas. Não construiu nada e destruiu aquilo que parece ser o melhor que tinha, pois pelo que se lê, tinha uma ligação à mulher muito forte e especial. Nesta altura já não tem nenhum dos 'amigos' das festas. Aquilo tudo serviu-lhe para quê? É triste.



A vida de Maria de Jesus Rendeiro

Sónia Bento

Até o marido se licenciar, Maria de Jesus trabalhou como secretária e tradutora para pagar as despesas. Entretanto mudaram-se para a Quinta Patiño, onde tinham uma valiosa coleção de arte e andavam de Porsche. Com João Rendeiro fugido à justiça, Maria foi agora detida.

No final de setembro, João Rendeiro, de 69 anos, fugiu da Europa num jato privado – um luxo que ao longo dos anos foi juntando a vários outros: fatos Armani, gravatas Lanvin, um muito ambicionado Porsche 911 e uma casa na Quinta Patiño, em Cascais. Está em destino incerto para não cumprir uma pena de três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada.

Para trás ficou a mulher, Maria de Jesus Rendeiro, também com 69 anos, que foi detida pela PJ, na manhã desta quarta-feira, no âmbito de um mandado de detenção num processo instaurado pelo Ministério Público por suspeita de crimes relacionados com as obras de arte apreendidas ao ex-banqueiro. A mulher do antigo banqueiro já tinha sido condenada a uma pagar uma multa de mil euros por "atuação excecionalmente grave" e incumprimento dos deveres de fiel depositária das obras de arte arrestadas ao marido. Na sexta-feita, Maria de Jesus Rendeiro, invocou razões psicológicas para não esclarecer o paradeiro de oito dos 124 quadros.

O casamento e o velho Fiat 128
Maria de Jesus – a mulher com quem o ex-banqueiro se casou a 8 de agosto de 1972, na igreja de Santa Maria da Murtosa, a poucos quilómetros de Aveiro, terra natal dela e dos pais dele – ficou a viver sozinha com os três cães, no famoso lote 81, a sumptuosa mansão que o ex-banqueiro comprou, há 16 anos, na Quinta Patiño, e que inaugurou com um espetáculo da fadista Mariza. Longe vão os tempos em que o casal passava necessidades e chegou a não ter dinheiro para a reparação de um velho Fiat 128, que João Augusto e Joana Marques, pais de João Rendeiro, lhes ofereceram como presente de casamento.

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